O quê é pior: morrer ou navegar no tempo?

Capitão América foi assassinado com um tiro a caminho do julgamento.

Batman foi assassinado por raios ômega do deus maligno Darkseid.

Apague as últimas linhas e as reescreva.

Capitão América teve sua essência (“alma”?) arrancada de seu corpo e atirada num ciclo infinito de loops de sua vida, vivendo suas glórias e fracassos indefinidamente.

Batman foi arremessado ao longínquo passado do Universo DC e está navegando entre eras, fazendo ligações entre tramas confusas de Grant Morrison.

Batman de Grant Morrison

Morrison é um gênio!

Mas certamente se estabelece um padrão entre suas narrativas. Começam comerciais e desembestam para algo conceitual. Quando o editor é forte consegue contê-lo, quando não, acontece algo grandioso que os roteiristas em seguida tentam arrumar (veja o final de Novos X-Men, com a destruição em massa e a morte de Magneto).

Crise Final é uma boa história. Não é ruim, não é ótima, nem é excelente. Mas é uma boa história. Os enxertos é que cansam. E por enxertos leve em conta todos as infinitas interligações e relacionamentos com dezenas de séries da editora.

Mas certamente todo o período do escritor em Batman (a série norte-americana) e posteriormente a série Batman and Robin é um material de ótima qualidade, com no máximo uma história ou um arco ruim. No caso da série Batman acredito que Batman: Descanse em paz, exatamente o último, foi lisérgico demais. Em Batman and Robin um ou outro arco entre o número 4 e 10 talvez necessitasse ser mais comercial.

Morrison também é responsável por Grandes Astros: Superman, provando que sabe iniciar e terminar boas tramas, mas diversas vezes se perde no caminho. O meio de Grandes Astros: Superman não é exatamente o melhor da série. O filme já foi lançado por aqui.

Apenas em nível de curiosidade os primeiros trabalhos do autor com o homem-morcego são Batman: Asilo Arkham e Gothic, este último um arco da série Legends of the dark knight.

O Capitão América de Ed Brubaker

Brubaker faz parte da nova geração de autores americanos mais identificados com histórias autorais e tramas policiais. Isto não impediu que o autor trabalhasse nos X-Men, em Demolidor e no Capitão América, neste último sendo responsável por todo o quinto volume da série, assim como a retomada à numeração original e entre os eventos a morte e retorno.

O texto de Brubaker é bastante valorizado pela escolha adequada de bons artistas, em especial o Steve Epting, que teve uma passagem nos Vingadores nos anos 1.990 mas nunca tornou-se um nome de referência na indústria.

A construção da trama é bastante adequada e a morte do Cap parece ter vindo da cabeça de Brubaker (e não de Mark Millar responsável por Guerra Civil que pôs Cap e Homem de Ferro em lados opostos). A morte convence e o fato da vida dos personagens continuar durante vinte e quatro meses, antes de virem com a possibilidade do herói de guerra estar vivo faz com que o leitor sinta-se bem. Nos sabemos que o herói irá retornar, os detalhes são quando e como.

Claro que os vilões tornaram-se mais articulosos. Agora em vez de matar um clone, um MVA, um gêmeo, um gêmeo maligno, uma contra-parte inter-dimensional os nossos vilões preferidos enviam o corpo ou o espírito do herói caído para um eterno looping, sofrendo ao encarar as impossibilidades de corrigir a situação.

No Brasil o Capitão já voltou. Agora começa o Retorno de Bruce Wayne, que será publicado em A sombra de Batman.

Veja abaixo os resumos dos arcos ligados o quinto volume da série americana Captain America:

Os dez mais da década - Parte 6 - aqui.
Guerra Civil - aqui.


Captain America – Volume 5

1 – #01-07 – Tempo Esgotado
2 – #08-14 – O Soldado Invernal
3 – #15-17 – Rotas de Colisão
4 – #18-21 – A blitz do século vinte e um
5 – #22-24 – Os tambores de guerra
6 – #25-30 – A morte de um sonho, ato 1
7 – #31-36 – A morte de um sonho, ato 2
8 – #37-42 – A morte de um sonho, ato 3: o homem que comprou a América