Sim. Se ela fosse
pintada por Bill Sienkiewicz, que usa o argumento banal de
Frank Miller de maneira engenhosa.
Para quem leu a
clássica fase em Daredevil,
republicada aqui em Os maiores clássicos do Demolidor de Frank
Miller volume 1 a 4 não há surpresa na trama. Os temas
clássicos da fase com submundo, domínio por um gênio criminoso,
criminosos coadjuvantes que auxiliam ao herói sob pressão dos
músculos deste último e um criminoso sob efeito de drogas (em muito
semelhante a uma linha explorada pelo próprio Miller em A queda
de Murdock – Born Again).
Mas é o delírio visual de Sienkiewicz que traz beleza à graphic novel e junto traz o suspense como a perseguição na casa do advogado Matthew Murdock digna do melhor Hitchcock (Psicose). Podia ouvir ao fundo Theme from Psico.
Não é o melhor
trabalho de Miller... nem de longe, mas visualmente funciona tão bem
com a arte de Sienkiewicz que torna-se um punho fechado na boca do
estômago dos leitores e os arremata, ganhando em importância.
Lastima-se que os
únicos trabalhos do artista publicados no Brasil após este graphic
novel são Sombra (na segunda série de Batman), Elektra
Assassina (de novo com Miller e já republicada pela Panini) uma
saudoso passagem em The New Mutants e várias arte-finais para
muitas séries da Marvel Comics, fazendo inclusive um
excelente parceria com JM DeMatteis & Sal Buscema numa
fase do Aranha.
Uma graphic novel
por excelência por que une o texto (novel, inglês para novela, que
quer dizer texto curto, maior que o conto) e apuro visual (graphic,
aqui no sentido de arte gráfica) e que não poderia funcionar com
apenas uma das partes.
Publicada no Brasil na
clássica Série Graphic Novel #02 da Editora Abril há quase
25 anos!