Achei que não me importaria com a história de um homem e a aceitação da derrota a um inimigo maior e definitivo, o câncer.
Ana Vitória (6), Ágata (nascida a 21/12/11) e Maria Paula (11) |
São feridas que nunca se curam e logo o tom de despedida da história faz as lágrimas virem aos olhos; não em função de páginas de homens e mulheres usando uniformes aberrantemente coloridos, mas em função da saudade das pessoas amadas, alguma ainda vivas como minhas filhas Maria Paula & Ana Vitória que moram com minha primeira esposa e nem sempre estão em meu convívio.
A (relativa) solidão
e a saudade são sentimentos que trabalhamos e não nos deixamos
conduzir por eles, mas certamente nunca aceitaremos de total.
Admitimos a derrota em função de que não há outra opção. Mas é
só. Se pudéssemos resistir, iríamos até o último instante.
O que me lembra
Morte dos Perpétuos [da
série Sandman] quando diz que não há vida
maior ou menor e que todos recebessem o mesmo
tempo de vida: uma vida inteira!)
A morte do Capitão Marvel primeira graphic novel da Marvel Comics foi concebida por Jim Starlin, autor que trabalhou com o personagem em uma memorável passagem nos anos 1.970. Independente da trama a história é o exorcismo do autor dos fantasmas provocados pela morte por câncer de seu pai.
A graphic novel é
comovente não em função da história e arte em si, mas da
identificação que o leitor tem com ela, pois é fácil ter perdido
alguém querido.
Na trama, devido à
exposição à gases tóxicos anos antes, o herói kree
contraiu câncer e suas pulseiras fotônicas adiaram o
desenvolvimento da moléstia durante muito tempo. Infelizmente as
mesmas pulseiras não permitem atualmente a ação dos vários
médicos, físicos e cientistas de um universo de heróis padrão.
A história narra um
pouco da fase de negação – mais pelas pessoas ao redor, do que
pelo herói em si – e a fase de aceitação dos limites. Temo então
uma rápida narrativa da vida de Mar-Vell e seu relacionamento com as
pessoas amadas que estão ao seu lado no leito de morte.
Uma grande história
que não sofre com o “morre ressuscita” das editoras americanas,
até por que o herói continua morto (o herói, a marca não, há
outros “Capitães Marvel” na editora).
Indicado para adultos,
não em função de cenas fortes, mas por que a trama necessita de
alguém experiente na vida para absorver as sutilezas dela.