No distante julho de 1984 a Editora Abril Jovem iniciaria a publicação da linha DC Comics no Brasil. Super-Homem, Batman e a hoje pouco lembrada Heróis em Ação faziam parte do pacote inicial. Na primeira história tivemos “O demônio voador” (Superman Special # 1 –1983), cronologicamente recente, com argumento de Cary Bates e arte de Gil Kane.
Certamente o destino da DC naqueles primórdios teria sido outro se a Abril tivesse dado seqüência e publicado material de Action Comics com Wolfman e Kane nos créditos, o quê infelizmente eles só vieram a publicar em Super-Homem # 27 (set/86),quando um momento cronológico dos Novos Titãs permitiu. Realmente é lamentável, por quê assim além de termos simplesmente perdido a paciência com republicações de aventuras já editadas pela EBAL, nós tivemos a oportunidade de ver apenas o início do trabalho da dupla Wolfman & Kane, já que logo as aventuras seriam interrompidas para serem publicadas os eventos de Crise nas Infinitas Terras (cujos cross-over com a revista do Superman continuam inéditos) e em seguida a reformulação dirigida por John Byrne.
Graças à esta decisão e passo de tartaruga nas aventuras do herói tivemos a oportunidade de ver muito material bom de outros títulos como Legião dos Super-Heróis, principalmente a excelente Saga das Trevas Eternas, Ametista – A princesa do mundo de cristal, algumas histórias da revista DC Comics Present’s (que trazia encontros do Superman com outros heróis do Universo DC) e a Saga do DNA publicada no título Jimmy Olsen Pal’s Superman com texto e arte de Jack Kirby!
No número 38 começou a série O homem de aço (Superman: Man of Steel # 1 – 1986) e logo a revista do herói de aço também apresentaria a reformulação de Mulher-Maravilha por George Pérez, a reformulação do Capitão Átomo, além das aventuras do segundo volume da revista Superman, da nova The Adventures of Superman (que seguia a numeração do primeiro volume da revista Superman, porém agora com o novo título) e de Action Comics (que estava sendo dedicada a mostrar encontros do Superman com vários personagens do universo DC, e também era apresentada na revista Superamigos).
Lentamente estes coadjuvantes migraram para outros títulos, de modo que o herói de aço pudesse ter mais páginas em sua própria revista. Mulher-Maravilha foi para DC 2000 e depois voltou por um curto para a revista Super-Homem, para depois ficar muito tempo desaparecida do mercado nacional e só voltar a aparecer em Os Melhores do Mundo. Capitão Átomo teve aventuras publicadas em Os Novos Titãs e Liga da Justiça Internacional, mas sua série também retornou para Super-Homem antes da série americana ser cancelada. Legião dos Super-Heróis, que retornaria em seu segundo volume, depois de uma ausência sentida, teria poucas aventuras narradas aqui, e mudaria de casa para DC 2000 na fase em que a revista teve 160 páginas. Porém em um período de retração tivemos apenas a conclusão do segundo volume da Legião, onde a magia retornaria em um universo viciado pela utopia tecnológica.
Super-Homem seria o único título da DC não afetado pelo formato Diet DC que reduziu Novos Titãs, DC 2000 e Liga da Justiça Internacional à duas aventuras por edição em 52 páginas; mas lentamente ficou ainda mais claro que nada além de aventuras do Superman poderiam ser publicadas no título afinal logo após a saída de Byrne (em Superman v2 # 22) e depois da saga Exílio – onde o herói autoexila-se no espaço em decorrência do assassinato de três kryptonianos em um universo Compacto – o homem de aço voltaria a ter muito material mensal. Primeiro a revista Action Comics voltaria a publicar material do herói, depois de quase um ano em um formato semanal. E meses depois o herói ganharia um quarto título mensal Superman – The Man of Steel. Com isso Superman passou a ter mensalmente cerca de 100 páginas de quadrinhos!
Como cem páginas também não cabiam nas 84 páginas de uma revista padrão da Abril, o personagem ganhou edições especiais como Super-Homem Anual (Pânico nos céus).
Com o sucesso de A morte do Superman a editora lentamente avançou a cronologia do personagem publicando o especial A morte do Super-Homem, a minissérie Funeral para um amigo, o especial Super-Homem – Além da morte e a minissérie com 160 páginas por edição O retorno do Super-Homem. Assim quando o material anterior à morte acabou na edição # 125, houve um avanço do material que já havia sido publicado em especiais, e na edição # 126 simplesmente estávamos cerca de 10 meses à frente da cronologia do restante do Universo DC no Brasil.
A Editora Abril Jovem, aproveitando o sucesso do momento, lançaria a revista mensal Superboy (não é o personagem clássico, mas sim o garoto surgido durante O retorno do Superman) que dividiria a responsabilidade de publicar as aventuras do homem de aço. Como Superman tinha 4 títulos, dois ficavam em Super-Homem e dois em Superboy, e você era obrigado a acompanhar a trama em ambas as revistas, comprando uma e outra separadas por quinze dias.
Detalhe interessante para quem mora no interior do país é que desde a edição # 94 a revista do herói não estava sendo distribuída em todas as praças do Brasil e só normalizaria novamente a partir da edição # 126.
Por estar dividido entre Super-Homem e Superboy voltamos a ter espaço na série mensal para vermos material como Os Renegados. Porém como o DCU é muito integrado e logo haveria o mega evento Zero Hora e a cronologia do homem de aço, que estava adiantada, teve que ser “segurada”. A Abril optou por publicar os anuais americanos dos eventos Ano Um e Túnel do Tempo.
Com o início de Zero Hora houve o mês zero e todas as revistas foram canceladas.
Esta série durou 147 números terminando em setembro de 1994, sendo a maior numeração do Superman no Brasil já que a EBAL zerava as séries ao chegarem no número 100.