Ex Machina trata das
desventuras de um ex-herói (no mundo comum, sem superseres) na
prefeitura de Nova Iorque. Já Y mostra a extensa trajetória
de Yorick Brown, um típico jovem nerd americano,
levemente monogâmico e crú para uma visão real de mundo, num mundo
onde uma praga dizimou todos os portadores do cromossomo Y do
planeta – os homens – à exceção dele e de seu macaco
capuchino. Veja bem, a humanidade tem seu gênero sinônimo de força,
coragem e inteligência, reduzido a um garoto norte-americano
inseguro e que cujos conhecimentos se reduzem a referências a séries
de TV, quadrinhos e livros. Conhecimento prático para sobrevivência:
nenhum!
A série tenta num
primeiro momento apontar uma razão para a praga e atira em diversas
frentes: ciência (uma
praga), evolução (a Dra Mann diz ter dado à
luz a uma criança clonada de si, o que evolucionariamente reduziria
a importância do homem, já que uma mulher poderia dar à luz sem
necessidade do macho) e religião (um
amuleto que saiu das fronteiras de um país ou, para alguns, uma
vingança de Deus contra os atos do homem). Em seguida une um
elenco mínimo de atores (Yorick, Ampersand – o macaco -,
Agente 355 e Dra Mann)
numa viagem para determinar se é possível clonar Brown. Porém o
laboratório da geneticista é destruído e então eles devem cruzar
o território americano para conseguir a resposta.
Mas atenção! Muitos
serviços essenciais estão deficitários, especialmente aqueles que
eram conduzidos por homens. Não há telecomunicações, não há TV,
internet, jornais, não por que mulheres não possam fazer isso, mas
porque com o choque do acontecimento ainda não estão “de
pronto” para iniciar. Então ir de um lugar para outro toma
tempo, muito tempo.
O traço de Pia
Guerra – que em vários momentos lembra José Luiz Garcia
Lopez, saudoso artista que produziu bons momentos para a DC
Comics especialmente o Superman e entre outros trabalhos
desenhou o álbum Batman vs Incrível Hulk – oferece uma
visão light para um desastre de proporções bíblicas. Não
deixo de imaginar se fosse outro artista, talvez algum que tivesse
trabalhado nos vários personagens bárbaros, desenhando a epopeia e
imagino cenas e cenas de luxúria, um caminho que Vaughan não
trilhou, preferindo uma narrativa por demais pudica. Num mundo em que
é o único macho, Brown não fez uma namorada em cada cidade e nem
teve relações com a geneticista e a agente, preferindo a
continuidade de seu relacionamento com Beth, sua namorada que está
na Austrália e agora virtualmente perdida – e que, diga-se de
passagem acredita que ele está morto. Talvez nós homens, em nossos
delírios adolescentes, tivéssemos imaginado outras atividades para
realizar com 3 bilhões de mulheres!
Vaughan cria figuras de
apoio para a jornada de auto-descoberta de Brown, mas seu primeiro
problema é a sobrevivência e o renascimento de sentimentos anti
homens! Pode parecer piada que num mundo sem homens este sentimento
tenha espaço, mas surge um grupo de mulheres que acredita que o
mundo está melhor desta nova maneira e que a existência do homem –
no caso, um único – poderá por em risco a supremacia feminina.
Uma série que merecia
uma adaptação para uma boa série de TV, com várias temporadas que
desse tempo para explorar a complexidade do tema.
[Y - O último homem]
Volume 1 - Extinção
Volume 2 - Ciclos
Volume 3 - Um pequeno passo
Volume 4 - A senha
Volume 5 - Anel da Verdade
Volume 6 - Menina com Menina
Volume 7 - Bonecas de Papel
Volume 8 - Dragões de Quimono
Extra: Os 10 mais da década de 2000
[Y - O último homem]
Volume 1 - Extinção
Volume 2 - Ciclos
Volume 3 - Um pequeno passo
Volume 4 - A senha
Volume 5 - Anel da Verdade
Volume 6 - Menina com Menina
Volume 7 - Bonecas de Papel
Volume 8 - Dragões de Quimono
Extra: Os 10 mais da década de 2000