Crise Final # 05 e as doutrinas do mercado

Vamos devagar com o andor, que o santo é de barro!

Para entender tudo que é Crise Final vocês tem que conhecer um pouco da estrutura da Saga do Quarto Mundo (veja aqui e aqui), que já falei.

Mas também tem que entender o momento do mercado. Vou tentar colocar algumas coisas à luz.

Nos anos 1.990 o mercado estava inundado de várias séries que se estendiam além da própria série inicial. Eram os cross-over, as sagas ou as referências (os tais tie-in).

Quando Joe Quesada assumiu a Marvel em 99/2000, apesar de alguns erros iniciais (como a primeira série de Justiceiro pelo selo Marvel Knights) um de seus grandes acertos foi eliminar os grandes cross-overs.

Ele voltaram, sim, mas num formato diferente. Agora um escritor tinha 1, 2 ou 4 anos para contar uma história!

Em Demolidor foi assim. Bendis narra uma excelente história do personagem, mas que dura quatro anos, e ele, intencionalmente, não põe um ponto final!

Joss Whedon tem dois anos para narrar uma história dos X-Men sob sua ótica e o já citado Bendis tem cinco anos para narrar uma história dos Vingadores.

Cinco anos!

Alguns diriam que é enrola.

Eu mesmo, às vezes!

Mas ao reler as passagens noto que há nexo entre as partes do todo, e que estas partes individualmente me satisfazem – mas como já disse, nem sempre totalmente.

O mercado está viciado com séries longas. Terra X e Paraíso X em 12 partes! Justiça, também! Vingadores x Invasores, idem (nos EUA)! Guerra Civil tem sete! Invasão Secreta tem seis! O Mundo contra Hulk tem um tanto! Dinastia M acho que também são 8 partes (nos EUA)!

Vendo o negócio funcionar para a Marvel, a DC só copiou o formato – o quê, diga-se de passagem, já gerou críticas com a série “A noite mais densa” que a cada mês tem destronado a Marvel Comics e é muito boa; em “Siege” a próxima saga da Marvel a editora quer estudar outros formatos fazendo um produto menor para não cansar os leitores. Sei.

É simplesmente por isso que Crise Final tem sete partes. E pode ser dividida em início (partes 1, 2 e 3), meio (4 e 5) e finalização (6 e 7).

No início descobre-se que Darkseid tem um novo plano para a Terra – tudo isso permeia os títulos da editora há meses, veja “Contagem Regressiva” e “7 Soldados”.

No meio, após a liberação da equação anti-vida os heróis sofrem baixas e são apresentados focos de resistência e, finalmente, como veremos, a série irá terminar.

A DC também copia o formato da Marvel, que prefere não fazer cross-over em suas séries mensais. Desde “Dinastia M” a Marvel cria uma série limitada para narrar o cross-over, garantindo a venda da série mensal do personagem e do cross-over.

Em Crise Final vários personagens ganharam séries e edições especiais, entre eles A vingança da galeria dos vilões, O testamento do Geoforça, Requiem, Submissão, Resistência, Apocalipse e A Legião dos 3 Mundos.

A série principal pode ser lida sem estes enxertos e os enxertos podem ser lidos sem a série principal.

Por sinal a relação entre A Legião dos 3 Mundos e Crise Final é nenhuma!

Nas séries mensais da editora há pouca ou nenhuma referência ao que está acontecendo no universo DC.

Assim chegamos à quinta edição.



Com texto de Grant Morrison, lápis de JG Jones e Carlos Pacheco e finais de Marco Rudy e Jesus Merino, começa a reviravolta na trama. Os guardiões do Universo percebem (novamente) que não são infalíveis e que mesmo seus Lanterna Alfa podem ser corrompidos. Na Terra a resistência começa a armar seu plano de ataque ao mesmo tempo em que Darkseid renascido, se estabelece como deus/líder/soberano do mundo e começa a surgir no horizonte o “Quinto Mundo”.

Além de várias páginas de luta, como este tipo de evento tem que ter, chama a atenção a resistência da genialidade humana e sua capacidade de se reinventar representada aqui na solução de um problema matemático. É em suma o toque de Morrison que explica que o ser humano até pode ceder diante de uma situação, mas graças à sua inventividade ele continuará procurando uma solução que favoreça a sua inteligência.

No mais uma boa edição que casa com todo o conjunto anterior.

Veja aqui aqui a listagem de todas as Crises.