Sua graphic novel
Superman: Earth One não é um grande trabalho e sua fase em
Homem Aranha é cheia de altos e baixos. Mais recentemente ele
aceitou participar do projeto Before Watchmen (veja os quatro
posts sobre o tema aqui – 1, 2, 3 e 4).
Solo, sua
aventura do Superman na atual cronologia padrão do
personagem, começou cheia de boas ideias e desembarcou para
alienígenas disfarçados, depressão, legados de linhas temporais
alternativas, alterações cronológicas validadas por histórias
difíceis de serem encontradas (sim eu conhecia a graphic novel
Superman: The Odissey e sim minha comic shop preferida nunca
conseguiu encontrar a edição) e perde-se o foco da história de um
homem em busca de razões.
A história do legado do Superman me lembrou em muito uma aventura do Supremo do Alan Moore. É a primeira da fase do escritor inglês, curiosamente autor de Watchmen. Mas essa não é a única vez que Straczynski “bebe” em Moore. Não vou estabelecer a linha direta que leva Poder Supremo a Watchmen por que ficaria vago, mas lembro da fase do Aranha e seu totem, muito semelhante a conceitos que já haviam sido mostrados em Monstro do Pântano.
Para piorar o caso do
“legado” do Superman foi explorado com inteligência em DC Um
Milhão um evento escrito por Grant Morrison e onde as
descendências do homem de aço foram trabalhadas por Dan Abnett &
Andy Lanning. Para minha alegria além da excelente e inédita no
Brasil edição DC One Million Secret Files & Origins, as
versões futuras dos heróis continuam a serem trabalhadas no
Universo DC e estiverem recentemente em terras tupiniquins em
Universo DC #19.
Voltando ao Superman e
a Solo, Straczynski quis construir uma aventura em que o herói
bastante abalado por eventos recentes (a morte de quase 100 mil
kryptonianos e destruição de Novo Krypton) inicia uma
travessia pelos EUA – claro que é um exagero lembrar que Gótico
Americano de Alan Moore para o Monstro do Pântano, mas a
história também é uma travessia nos EUA, porém no místico do
país.
O objetivo da série
era reapresentar o personagem, não apenas como aquele que é capaz
de salvar dos vilões, mas aquele que é capaz de salvar o cidadão
comum. Funcionou na edição de estreia e depois passou a ser apenas
uma aventura padrão do herói em doze partes e cheia de reafirmações
de que estava inserida na cronologia. Um truque comum para fazer com
os leitores acreditem que uma história está inserida na cronologia
é a história fazer citações exaustivas à cronologia. Nem assim
Solo convence.
É o velho problema do
formato. Straczynski poderia ter feito uma belíssima história de 48
ou 64 páginas, enxuta o suficiente para virar uma graphic novel capa
dura de fim de ano da editora. Mas criou um pastiche de homenagens de
gosto duvidoso que demorou um ano para terminar. A Panini teve a
decência de publicar em um menor número de edições e lida de um
fôlego só torna-se menos redundante.
Uma pena.