Ao vender a LucasFilms para a Disney no final de outubro de 2012, George Lucas provou apenas que criou algo maior que ele próprio, o quê afinal não é de se estranhar.
Stan Lee, Jack
Kirby, Gardner Fox, CS Lewis, J R R Tolkien,
George R R Martin, Chris Claremont, Brian Azzarello,
Agatha Christie, Arthur Conan Doyle, Brian K Vaughan
e Isaac Asimov também são exemplos de autores que criaram
algo maior do que eles, mas quase todos eles souberam dar um destino
para sua obra, seja encerrando definitivamente a vida dos seus
personagens – em Cai o pano, por exemplo – ou apenas
encerrando a trama que resolveram contar. Agatha Christie, suprema
dama do crime, chegava a dizer que pelo gênero que escrevia, logo
seria esquecida. Não foi. Morta em 1.979, continua a ter seus livros
reeditados.
Já os autores de
quadrinhos que trabalham em empresas de entretenimento de massa, no
entanto, só podem concluir ciclos que serão sempiternalmente
reprisados. Daí muito do quê Lee, Kirby e Fox fizeram perdeu seu
impacto, já que alguém mais novo reprisou a ideia e a melhorou em
muitos sentidos, diminuindo o impacto da história de base quando
lida pela atual geração de leitores.
Ao vender sua empresa,
Lucas se livrou de uma legião de fãs que o infernizavam em função
da trilogia prequela e de sua insistência em inserir as imagens e
conceitos desta trilogia naquela conhecida como trilogia clássica. A
cada lançamento em um novo formato – vídeo restaurado, DVD,
blu-ray – Lucas revisava ideias e tentava fazer um produto uno,
algo que nem sempre conseguiu.
Dizer que US $ 4 bi é
muito dinheiro é desconsiderar que um arrasa-quarteirão de verão
chega a fazer US $ 1 bi na sua temporada de cinema. Vem daí a
impressão que o que motivou não foi o dinheiro, mas uma completa
incompetência em gerenciar a série em um formato que o cinema atual
exige, que por sinal é mais próximo dos quadrinhos americanos:
filmes (e quadrinhos) são produtos que não devem ter um fim,
pode-se no máximo concluir um arco, uma história e depois virá o
novo rebute com novas ideias, novo diretor, novo ator. Batman
está aí para provar que este é o formato que o mercado deseja no
momento.
O certo seria dizer que
a Disney pagou US $ 4 bi – metade em dinheiro, metade em ações –
pela oportunidade de brincar na caixa de areia que Lucas tinha
guardado só para si e que ele próprio já não sabia o quê fazer
com ela.
[Para os carneiros o
quê muda?]
Se os carneiros têm
que silenciosamente seguir as tendências do mercado, então podemos
apenas conjecturar sobre possíveis mudanças. As mais prováveis são
as seguintes:
→ a série Star
Wars: The Clone Wars exibida a cinco temporadas no Cartoon
Network (uma subsidiária da AOL-Time Warner) será
transferida para o Disney XD;
→ a licença de
quadrinhos baseados no universo Star Wars, desde os anos 1990 com a
Dark Horse Comics deverá em algum momento ser revista
e transferida para a Marvel Comics, hoje uma empresa da
Disney. Devemos lembrar que a Dark Horse acabou de reiniciar uma
série mensal chamada Star Wars com foco na trilogia clássica e que
supostamente iria usar os elementos do Universo Extendido.
E enquanto a Disney não
decide mexer no cânone e fazer um rebute da trilogia central com
Luke Skywalker, Princesa Leia, Han Solo e Darth Vader
podemos esperar lançamentos de novas trilogias e filmes ao infinito.
Mas tenham certeza que
haverá um rebute. A questão hoje é apenas saber quando.