Primeiro os temas “humanos” passam
a serem secundários e depois as histórias passam a ter mais
páginas, às vezes estendendo-se para a próxima edição.
É assim no arco “The coming of -
- Starbreaker”, que transcorre nas edições #96 (fev),
97 (mar) e 98 (may) com os títulos “The coming of
- - Starbreaker”, “The day the Earth screams!” e “No
more tomorrows!”.
A trama guarda resquícios da Trilogia de Galactus da série Quarteto Fantástico. Aqui o Starbreaker é uma criatura que se alimenta da energia de mundos destruídos – que ele atira em suas estrelas-mães – e as energias crescem de potência se a população estiver aterrorizada. No geral, a mesmíssima história de um monstro que se alimenta da destruição de um mundo.
O vampiro cósmico, desenhado como um
Drácula sci-fi, ataca Rann, onde Gavião Negro,
Flash e Lanterna Verde estão graças ao cruzamento do
raio de transporte da Liga com o Raio Zeta que
transporta Adam Strange. Os heróis derrotam com certa
facilidade cópias energéticas do vilão, mas ele jura segui-los até
a Terra!
Na edição seguinte (#97), Starbreaker
ataca na Terra e derrota os heróis sem muita cerimônia.
Aterrorizados os heróis recebem uma injeção de ânimo de Gavião
Negro que os faz ouvirem as gravações da origem da equipe, uma
forma de uni-los contra um mal comum. No final da edição surge
Sargon, o feiticeiro!
Na conclusão (#98), Sargon, o
feiticeiro, personagem da Era de Ouro oferece o auxílio aos
heróis, um recurso deus ex machina com o místico, usado com
frequência como veremos mais adiante na edição #103.
Eles devem reunir mais duas
contrapartes do Rubi da Vida, a joia que fornece energia ao
mago, e atacarem o Starbreaker no plano emocional. Claro que
funciona, com duas divisões da equipe em times, uma para encontrar
os rubis e partir para o ataque e uma nova divisão para enfrentar o
vampiro em diferentes épocas. Às vezes o usa do recurso da divisão
de uma equipe de heróis em duplas ou trios cansa. Este é um
exemplo.
Sargon, curiosamente é reconhecido por
Flash como um herói da época de sua infância, mas desconhecido por
Canário Negro, o que faz com que seja um personagem da
Terra-1 apesar de criado em 1947.
A trama termina com a derrota do
vampiro, que é levado para os Guardiões da Galáxia pelo
Lanterna Verde, mas não tem um bom desenvolvimento. Starbreaker que
é apresentado como quase onipotente, mas é derrotado facilmente sem
uma clara razão de vantagem para os heróis.
Ainda que tenha migrado para um aspecto
mais cósmico, Friedrich não deixava de esquecer que o aspecto
emocional dos heróis, individualmente meros seres humanos, era o quê
realmente importava, mas não parece estar à vontade escrevendo esta
versão da história do tirano que irá destruir o mundo.
A edição #99 (junho) trouxe a última colaboração de Mike Friedrich naquele momento. A história “Seeds of destruction” com arte de Dick Dillin & Joe Giella traz novamente uma história humana, onde alguns alienígenas espalham sementes de plantas para purificar planetas poluídos... hum, conheço a ladainha...
Claro que os objetivos os põe em
choque contra a Liga da Justiça, na verdade, em função de uma
série de enganos de ambos os lados.
Então tivemos o popular cross-over
de verão entre Liga da Justiça & Sociedade da Justiça. Desta
vez a trama tinha que ser maior que as anteriores pois coincidiria
com o aniversário de 100 edições da série. A história inicia na
edição #100 (agosto) com “The unknown soldier of
victory” por Len Wein, Dick Dillin e Joe Giella.
Continuou na edição #101 (sept) com “The hand that
shook the world”e concluiu na edição #102 (outubro)
com “And one of us must die!”, esta com finais de Joe
Giella e Dick Giordano, nas
edições seguintes Giordano seria o responsável pelas finais.
Veja o review dessa crise aqui.
Wein, que será o responsável pela
criação do Wolverine em 1.974 e de sua versão na DC (o
Steel, traduzido por aqui como Comandante Gládio),
assim como o escritor de Giant Size X-Men com os ...all new
all different X-Men, tem uma narrativa mais adequada ao formato
de equipe de heróis. Apesar do texto humano de Friedrich, de certo
modo, um resultado das boas críticas na série Green
Lantern/Green Arrow (boas críticas que não resultaram em boas
vendas, fazendo inclusive o título ser cancelado), diga-se de
passagem, tudo se tornou estereotipado demais.
Será que é difícil levar a sério a
ameaça da poluição quando temos pessoas fantasiadas? Será que é
difícil acreditar que todo empresário só deseja o lucro, não
importando a que custo em um mundo tão hedonista quanto o atual?
#103 (dezembro) traz “A stranger
walks among us!” onde o Vingador Fantasma (Phantom
Stranger) leva à Liga o aviso de que vários de seus membros irão
morrer nas próximas 24 horas, segundo uma lenda da cidadezinha de
Rutland, Vermont. Era edição de Halloween e a editora
resolveu contar uma história de fantasmas com a equipe de heróis.
Aqui Felix Fausto invoca demônios aproveitando-se das brechas
místicas criadas pelo Dia das Bruxas. Os demônios passam a habitar
os corpos de civis fantasiados e irão atacar os heróis.
Rutland tem uma parada no Halloween que
é muito citada nos quadrinhos, tendo geralmente a participação dos
próprios autores. Aqui Len Wein aparece e fica maravilhado
com a disposição da Liga em participar do desfile que logo se torna
um confronto entre os heróis e os possuídos – geralmente com
uniformes de heróis da editora concorrente.
Apesar de uma aparente derrota o
Vingador Fantasma consegue impedir a morte dos heróis e garantir a
derrota do feiticeiro. É o segundo vez que se utiliza o recurso deus
ex machina no ano, mas a presença do Vingador Fantasma faz o
leitor esquecer este detalhe.
Deus ex machina era um recurso muito
utilizado no teatro grego. Basicamente um deus saia de uma máquina
que entrava em cena durante o espetáculo e resolvia todos os
conflitos existentes. No reino dos quadrinhos há muita utilização
deste recurso.
E terminou mais um ano de um modo geral
bem melhor aproveitado que os dois anteriores, agora com um
direcionamento focado em narra histórias clássicas de heróis (bem
x mal). Wein é, de longe, melhor escritor que Mike Friedrich. Se
duvida compare os dois cross-over de verão da Liga x Sociedade. E a
arte, que continuava nas mãos de Dick Dillin (até a edição #183)
ganha com a entrada de Dick Giordano como finalista. A Liga como
equipe e como série em quadrinhos termina 1972 melhor do quê
iniciou.