Ficção científica em um cenário convidativo, “Órbita de Inverno” é um romance LGBTQIAP+ com uma grande representatividade étnica. A trama mistura um cenário político bem desenvolvido com um romance juvenil.
Príncipe Kiem – um herdeiro relapso, para dizer o mínimo – é comunicado pela sua avó, imperadora de Iskat, que terá que casar com Jainan, representante do planeta vassalo Thea, para manter os interesses econômicos de um tratado que os planetas de ambos assinaram e está em processo de revisão, já que ambos os planetas são submissos a um consórcio galáctico que projete seus interesses – e este consórcio exige que os planetas resolvam seus conflitos anteriormente.
Mas Jainan - recém viúvo de Taam, militar primo de Kiem - também não tem interesse neste casamento, além daqueles decorrentes do cargo de representante que ocupa. A situação começa a se complicar quando descobre um plano para encerrar o acordo - e informações contraditórios sobre o "acidente" que vitimou seu parceiro anterior. Ao mesmo tempo em que tem que encontrar uma maneira manter o casamento de aparência até que haja um interesse real entre eles - algo na linha do sacrifício pessoal em prol da pátria. Para coroar tudo isto, os conflitos entre os interesses de Thea e Iskat permeiam a trama, especialmente a ação de militares que tem uma agenda própria.
Em nenhum momento o livro ousa demais ou é muito elaborado. A trama política é quase primária acerca de um casamento entre membros de uma realeza e a obediência aos interesses da família/planeta acima de seus próprios, mas os recursos de roteiros são bons ainda que bem previsíveis, mas isto é apenas a opinião de alguém que já lê livros com cenários semelhantes há décadas. Certamente o leitor iniciante não teria uma opinião semelhante, especialmente quando vier uma adaptação para cinema ou streaming – o romance é muito visual e os cortes lembram o formato de uma série de TV. Imagino que daí venha uma série com uma boa dose de humor e aventura e que o romance será “redescoberto” - ainda que seja recente – e assim atingirá seu potencial de público.
Não aconselho para leitores muito experientes, mas o jovem pode encontrar um “romance de entrada” para o cenário de “space operas” bem agradável.