A trama deste volume se passa em Atlanta durante a Convenção dos Democratas para escolherem o candidato à presidência dos Estados Unidos e para os leitores da série os candidatos que importam são o Reverendo Leo Barnett e o Senador Gregg Hartman, o primeiro, um evangélico que é pintado como segregacionista e o segundo um antigo personagem da série que possui o apoio dos personagens chaves, mas tem segredos demais para ocultar.
De longe o melhor romance mosaico da série, “Ás na manga” não sofre com a inclusão de contos espaçados que quebram o ritmo da narrativa como o volume anterior. Os cortes são perfeitos e a edição de George R R Martin e Melinda M Snodgrass é eficiente, alternamos entre um personagem e outro, um autor e outro e não sentimos.
Para coroar a trama Barnett tem como auxiliar Fluer van Renssaeler, a filha de Blythe, enquanto a delegação da Califórnia tem Jack Braun (Golden Boy) como líder, o que afeta bastante os humores nada fáceis do dr Tachyon, cujo neto continua a se mostrar difícil de ser educado - além do fato do menino ser apegado à um antigo agente comunista do passado de Tachyon. Além deles destaco a participação de James Spector, o assassino de olhar mortal, Jay Ackroyd, o detetive "insignificante" com poder de teletransporte e Hiram Worchester, o famoso dono de restaurante que também é um personagem bastante conhecido na série; este dois são deveras importantes para o volume final da quadra do Titereiro, quando descobrimos quem matou um importante personagem da série – o anúncio da morte e o enterro são narrados neste volume.
Sim
“Ás na manga” é um volume extremamente político e
constrói sua trama em cima do conflito entre os interesses pessoais
e os interesses das pessoas que foram afetadas pelo vírus carta
selvagem, assim como a percepção que os direitos destas minorais
servem apenas de escada para agendas nefastas, algo extremamente atual no Brasil pós 2015. Inocentes (ou "quase inocentes") são manipulados por verdadeiros titereiros da política local, nacional ou mundiais. E o universo de Wild Cards não é distinto.
Editado por George R R Martin e Melinda M Snodgrass e escritor por Walton Simons, Victor Milán, Melinda M Snodgrass, Stephen Leigh e Walter Jon Williams é um livro que deve ser lido e apreciado, assim como toda a quadra do Titereiro.
Publicado originalmente nos EUA em 1988 e nos Brasil em 2017.