Reginald Hudlin tem uma missão difícil de produzir algo que supere o material original de Dwayne McDuffie, mas realmente consegue produzir algo muito bom. Este “Icon and Rocket: Season one” não é a continuação do material original dos anos 1990 ou das tentativas de reboot posteriores. É uma nova continuidade que começou a ser trabalhada em 2017 – há páginas inéditas produzidas por Dennys Cowan no encadernado da série – mas que se aproveitou do movimento “Vidas negras importam” (Black Lives Matter) para se estabelecer. Nesta continuidade o “Big Bang” ocorreu quando a polícia lançou gás experimental na multidão que protestava em nas áreas de Dakota City.
Icon é Augustus Freeman, um advogado, que foi convencido por Raquel Erwin, que invadiu sua mansão para roubar uma “máquina de escrever”, mas se deparou com um homem forte que podia voar! Ela o convence a se tornar um símbolo para o povo negro, um “Ícone”. Freeman é secretamente um alienígena que está na Terra desde antes da Guerra Civil americana e chegou a interferir diretamente nela, até ser ferido. Nesta versão ele também espera que a tecnologia da Terra alcance a de seu planeta para poder ir embora, mas sua nave é maior e está mais funcional. Convencido por Raquel, cria um cinto que a protege e permite à jovem criar uma identidade heroica e agir em parceria com ele.
Neste arco a tentativa da dupla de destruir a produção e distribuição de drogas gera resultados adversos e o governo dos EUA e empresários enviam forças contra eles, em especial o mesmo alienígena que o feriu séculos atrás. A série também apresenta um interesse romântico como Ícone, a advogada e super-ser Xiomara, além de contar com a participação de Virgil Hawkins/Static.
Apesar de pregar com força que os heróis devem fazer a diferença no mundo concentrando-se na questão do ataques às drogas a série tem boa dose de ação e bons desenvolvimentos de personagens, que agora parecem almejarem ser modelos para a comunidade negra, mais do que antes. Daí limar totalmente a trama da gravidez que era um tema inicial da “Rocket” na série clássica. “Icon” era basicamente uma série onde o personagem principal era visto pela sua “parceria mirim” e aparentemente esta “Icon and Rocket” exibem os dois com o mesmo peso e tiram qualquer sub-trama de interesse romântico entre eles pois apresenta a Xiomara de imediato como alguém que pode ter uma relação com Augustus, ainda que não seja possível estabelecer a agenda dela.
O ponto negativo, se existe, é que este tipo de interferência na sociedade não pode ser desfeita e as ações de Ícone e Rocket têm consequências. Dentro de alguns meses não será possível apenas que se esqueça o quê aconteceu aqui e as coisas tem que ter uma sequência natural e não o eterno reinício tão comum aos gibis.
Escrito
por Reginaldo Hudlin com arte de Doug Braithwaite (lápis), Andrew
Currie & Scott Hanna (finais).