É impossível resenhar em série os episódios de Perry Rhodan e não lembrar aos leitores das resenhas que a série é semanal e está em produção há sessenta anos. Alguns vários episódios me parecem ser produzidos para que haja o desenvolvimento de personagens secundários. Vamos ser específicos: no ciclos Os Tolkandenses Rhodan e Bell se perdem enquanto há uma invasão na Via Láctea. É necessário que o leitor da série perceba que isto realmente aconteceu e dedique algum tempo para imaginar como seria o andamento das tramas sem a presença do “herdeiro do universo”, mesmo sabendo que ele está vivo em algum lugar. Então um período de 50 episódios (um ano tem 52 semanas) com esta ausência seria algo marcante, afinal o personagem não seria “perdido” se desaparecesse em um episódio e retornassem no mês seguinte.
No processo, os redatores e escritores entenderam que seria ainda mais fantástico se Rhodan, Bell e Alaska Saedelaere fossem para galáxias distintas e, em princípio, incomunicáveis (aqui). Ao Alaska ainda coube a experiência de ser dominado durante um período por uma das pele de Kummerog, algo que buscava encontrar eco na própria história do personagem - Saedelaere ficou vários anos com um cristal aprisionado em si. Neste contexto Alaska encontrou os comparsas do mutante dos Cantrells (e aqui), os derrotou e se aliou ao raubynense Varquasch, um alienígena que era mantido prisioneiro pelos criminosos.
Além disto o computador de Cant a antiga nave de Kummerog, tinha personalidade chamada Dorota e se uniu à Alaska, enquanto os criminosos eram eliminados um a um por, descobriríamos depois, os filhos de Varquasch que se apresentou hermafrodita e pariu no cativeiro. Esta trama lembra em muito a estrutura de “Alien” (1979) no quesito que pessoas em uma nave que vão sendo eliminadas misteriosamente e foi bem desenvolvida.
Chegamos então ao episódio Perry Rohdan 1826 (27) Os coletores de sucata de Peter Griese, onde Alaska tenta descobrir o planeta de origem de Varquasch sem sucesso, uma situação bem semelhante à sua própria. Varquasch não tem o conhecimento científico para saber qual é o seu planeta e parte do episódio mostra as condições no qual foi capturado. Ao mesmo tempo passagens de entrevistas entre Alaska e os computadores deixam claro que estes não sabem como lidar com a situação dele: a nomenclatura dos sistemas estelares não tem o mesmo sentido para os computadores daquele sistema. Em teoria o “Sistema Sol” poderia ter sido já documentado, mas não por este nome.
Além disto é acrescido um problema especial: Alaska acredita que pesquisando os destroços da nave do enviado de Thoregon anterior poderia descobrir uma pista. Mas a nave é roubada pelos coletores de sucata, a raça do planeta Maotock chamada de maotenos – que tem um ramo que escraviza os raubynenses para extrair a substância que permite energia extra ao usuário. Ao se aproximar do planeta Dorota a componente vegaônica (consciência?) do computador de bordo faz contato com seu povo também convertido do estado físico para o estado de dados.
Dorota passa a dar pressa em Alaska se modo a que tenha tempo para rumar para o local do encontro dos seus e reconstruir seu povo/raça.
Nesta situação seguimos para o episódio Perry Rhodan 1827 (28) Fuga através de Broehnder de Peter Griese & Robert Feldhoff. Em primeiro devo ressaltar que Feldhoff trabalhou em cima do plot de Griese que faleceu, assim pode ser que as soluções sejam apressadas e nem sempre as mais adequadas. Aqui há o desespero de Zujandron em reunir todos os componentes vegaônicos e a habilidade de Alaska em negociar com estes componentes para conseguir prazo. Os componentes devem se reunir para voltar a existir enquanto raça – algo que a meu ver, não fica claro. Impossibilitados de sair do planeta dos coletores onde foram intimados a um prazo de sete horas para se entregar, Saedelaere sugere que os componentes vegaônicos se dirijam ao planeta para fazerem a fusão.
A partir daí a história tem foco de ação dividida na reunião dos componentes vegaônicos e a fuga de Alaska na nave do quarto enviado junto com os raubynenses, o quê cria uma dificuldade adicional em função do tamanho de Varquash.
Feldhoff toma decisões que não me parecem acertadas e a reunião dos componentes é algo que me soa muito inteligente, mas pouco aproveitado na trama. Mas são os problemas advindos da produção colegiada do material. Por mais que haja plot, anotações e redatores um autor nunca tem a mesma visão que o outro.