Em tom de fábula “A night in the lonesome october” de Roger Zelazny é uma obra deliciosa e breve, infelizmente. O livro conta a reunião de pessoas antagônicas dispostas a abrir e a fechar um portal para os seres abissais dos mitos cthulunianos e as condições para o processo se dão em uma noite de Halloween de lua cheia ao final de outubro em algum momento do século XIX, em um local ermo próximo à Londres.
Parte da diversão é identificar os “jogadores” ainda que alguns nomes sejam bem autoexplicativos “O Conde”, “O grande detetive”, “Jack” ou “O homem artificial”; mas há jogadores que são apenas um arquétipo (“O vigário” é o arquétipo de sacerdote que passa a servir às trevas e há uma “bruxa” clássica) e outros que nos são desconhecidos como um druida ou ocultistas que trazem características de um grande número de pessoas que a cultura pop nos apresentou como tal. Ao longo do livro sugestões adicionais põem em dúvidas algumas identidades, algo que pode passar despercebido. Extremamente divertida é o uso do ambiente e das narrativas associadas e este ou àquele jogador, assim como a dúvida real de a qual “time” pertence cada jogador.
Outra
parte da diversão é a surpresa positiva de que a narrativa é feita
essencialmente por “Snuff” o cão de Jack e à medida que
o cãozinho busca o local adequado para a cerimônia, ele se
relaciona com os animais de todos os arquétipos, desenvolvendo uma
proximidade especial com “Graymalk” a gata de Jill.
Ao longo do livro há esforços para convencer aos jogadores a trocar de lugar – sim, Jack é um “herói” na trama – assim como tentativas constantes de eliminar este ou aquele jogador ou seu pet. Escrito com sobriedade “A night… ” tem 32 capítulos, sendo uma introdução e um capítulo para cada dia de outubro e aconselho aos amigos a lê-lo de forma diária, mesmo que os capítulos introdutórios sejam curtos e ao meio haja capítulos bem longos.
Publicado originalmente em 1993 e com 280 páginas a novela é o último trabalho de Zelazny. Se alguém encontrar a versão com artes de Gahan Wilson e desejar se desfazer, entre em contato.