Batwoman [Panini, 2019]



Greg Rucka tem uma extensa relação com o universo do homem-morcego de Gotham City iniciado no pós Terra de Ninguém. Foi autor de Detective Comics na famosa fase em tom de sépia e com aventuras mais concentradas no Departamento de Polícia, tarefa que alternou com Ed Brubaker e juntos criaram a série policial G.C.P.D. onde apresentou uma releitura de alguns personagens. É de Rucka o uso inteligente de alguns personagens selecionados em tramas futuras, como o Espectro e a nova Questão.

Também é de Rucka a reintrodução da “Batwoman” como personagem coadjuvante em diversas tramas e ligada a mitos apocalípticos dada a magnitude de Crise Final. A Crise Final passou como todas, é claro, e a DC Comics convidou Rucka para retornar à heroína, agora como personagem principal de “Detective Comics” - série em quadrinhos mais antiga da DC, onde surgiu o Batman.


A Panini Comics republica neste encadernado o material de “Detective Comics” 854 a 863 [agosto/2009-maio/2010] anteriormente publicado em “A Sombra do Batman”. Há três arcos com resultados bem distintos. 

O primeiro “Elegia” mostra consequências de uma trama anterior, quando a Batwoman quase foi sacrificada por um culto satânico. Chega a Gotham uma nova “Alice” que lidera sobreviventes deste culto e prepara um novo ataque à Batwoman e à cidade. O segundo arco é “Origem” que, como o nome indica, conta a origem de Batwoman, sua relação com as forças armadas, seu drama familiar e sua opção sexual, além de finalmente apresentar uma narrativa sobre a relação dela e de Renee Montoya.

Já o terceiro arco “Cortador” destoa bastante dos anteriores por dar muito protagonismo a Batman e apresentar uma trama básica de sequestros de mulheres. O problema, em meu entender, é a troca de artista. Enquanto as duas primeiras tramas são um produto coeso do artista JH Williams III, cheia de experimentações narrativas e belíssimas páginas duplas que não são splash pages, as artes de Jock e Scott Kolins não impressionam e mesmo que se note a inspirações no roteiro há uma clara queda.

O encadernado nacional é uma tentativa de capitalizar com a série de TV e apresentar um personagem da DC Comics homossexual, casando uma boa fase com uma nova demanda dos leitores: personagem que representem uma diversidade e sejam apresentados de forma adequada distante de clichês e preconceitos.

Rucka e Williams III conseguiram. Já o trabalho de Jock e Kollins na arte talvez seja apenas para ampliar as páginas da compilação.

Batwoman, Panini/DC Comics, 2019, ISBN 978-85-426-2169-3.