A Saga do Monstro do Pântano, Livro 01

A fase do escritor inglês ALAN MOORE na série americana THE SAGA OF THE SWAMP THING não tem no Brasil uma publicação tão confusa quanto, por exemplo, JOHN CONSTANTINE HELLBLAZER ou PREACHER

Basicamente toda a fase foi publicada pela Editora Abril (menos a edição #20 onde ele arruma as “Pontas Soltas” pelas tramas anteriores) nas séries OS NOVOS TITÃS, SUPERAMIGOS, SUPERPOWERS, BATMAN 2ª SÉRIE e O MONSTRO DO PÂNTANO

É depois que a confusão inicia. Mas realmente havia bastante tempo que a série não era publicada de forma completa e contínua, algo que se supõe a PANINI COMICS pretenda fazer. 

Convocado por Len Wein para manter a peteca em jogo do ressuscitado título do MONSTRO DO PÂNTANO, em exposição por causa de um filme de WES CRAVEN, ALAN MOORE (Watchmen, V de Vingança, A Liga Extraordinária) decidiu desconstruir o personagem. Jogou na terra o quê se sabia dele e construiu um personagem novo. Basicamente o MONSTRO DO PÂNTANO era um CAPITÃO AMÉRICA que deu errado em uma narrativa de terror, enfrentando monstros, sádicos e alienígenas! Hum… ?!? Nada a ver! (Será?)


Bem, vamos por partes. Conta ROBERTO GUEDES que os criadores de MONSTRO DO PÂNTANO e HOMEM-COISA (personagem da Marvel Comics) moravam no mesmo apartamento, bebiam juntos e trocavam ideias. As semelhanças entre os dois personagens são gritantes!

Em linhas gerais: um cientista é exposto durante uma explosão a uma fórmula que estava criando! O cientista cai no pântano e ressurge como uma coisa ou um monstro (em inglês os nomes são MAN-THING e SWAMP THING, ampliando as coincidências ainda mais).

Na MARVEL o cientista estava tentando recriar a fórmula do supersoldado que havia dado origem ao Capitão América. Na DC o cientista estava tentando criar uma fórmula bio-restauradoura da flora.

Moore reconhece estas coincidências e diversas vezes quando se refere ao PARLAMENTO DAS ÁRVORES pede que o ilustrador mostre a imagem do Homem-Coisa. Mas o Parlamento é assunto para o futuro.

* * *

Moore pegou aquele conceito esdrúxulo e levou a outro caminho, que veremos em detalhes no volume dois, já que primeiro o autor inglês amarrou as “Pontas Soltas” pelos artistas anteriores (#20), depois afirmou que o MONSTRO não era Alec Holland (#21). Reintroduzindo o personagem Jason Woodrue (um vilão secundário do ELEKTRON e membro da SOCIEDADE SECRETA DOS SUPERVILÕES), Moore o faz dissecar o Monstro e tirar conclusões científicas sobre o quê encontrou ali, seguindo instruções do industrial SUNDERLAND, inimigo do personagem naquela fase e que desejava a posse da fórmula.

Irado com a revelação de que nunca foi Alec Holland, o Monstro mata Sunderland (#21), e em seguida entra em coma (#22), estando no qual questiona quem é. Claro, que com resquícios de histórias de heróis, ainda haveria o confronto entre o Alec (sim, ele não é Alec, mas é melhor que escrever MONSTRO toda hora) e Jason Woodrue, com direito a participação da Liga da Justiça da Era do Satélite nas edições # 23 e #24.

O trio final de aventuras (edições #25-27) brinca com o leitor. Primeiro aparentemente esquece a nova condição do personagem – ela está lá, mas não vira uma narrativa constantemente revista – e embarca em uma digna narrativa de horror moderno.

Influenciada por uma força oculta, um casal inadvertidamente invoca um macaco demônio. O demônio mata o casal e enlouquece o filho, que vai para uma instituição onde Abby Cable conseguiu emprego. Por sinal o casamento da moça vai mal e Matthew tem apresentado um estranho domínio de seus poderes (#20 e #22), além de uma tendência ao alcoolismo e o sadismo. Estaria o jovem delirando, manifestando poderes místicos ou poderes científicos ou ainda sendo influenciado por uma força externa? Se sim, qual força? Seria o distanciamento de Abby de seu esposo e a constante tentativa de estar ao lado de Alec um indício de algo que aconteceria em breve?

Na edição #26 Matthew sofre um acidente e após ser visitado por um inseto falante – Um delírio? Um demônio? – reaparece recuperado e sem explicações (#27).

Mas o foco destas três edições é o medo e a criatura que se alimenta dele. Moore reinterpreta DEMÔNIO, criado por JACK KIRBY e acerta no tom, criando uma narrativa que realmente dá medo. Criado nos anos 1970 na série própria THE DEMON e com algumas aventuras publicadas em DETECTIVE COMICS, o demônio Etrigan andava esquecido. Ele retornará à série no futuro, mas seu uso por Moore certamente influenciou o tratado de magia que foi a série THE DEMON de Matt Wagner.

Esta coleção de histórias é um grande momento de todos os personagens e autores envolvidos e a cada página ressalta a perfeição da união de STEPHEN BISSETTE e JOHN TOTLEBEN. Um pântano cheio de garças, mariposas e sapos nunca foi um lugar tão ameaçador quanto aqui.

O volume 1 é composto pelas seguintes histórias da série The Saga of the Swamp Thing:
 
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Data de Capa
Título
20
Jan/1984
Pontas Soltas
21
Fev/1984
A Lição de Anatomia
22
Mar/1984
Empantanado
23
Abr/1984
Outro Mundo Verde
24
Maio/1984
Raízes
25
Jun/1984
O Sono da Razão…
26
Jul/1984
…Uma Hora de Correr…
27
Ago/1984
…Movido por Demônios!

A SAGA DO MONSTRO DO PÂNTANO, LIVRO UM, PANINI COMICS, 212 páginas, formato americano, em cores, 2014, R$ 29,90.