Com as devidas proporções
e os devidos respeitos, às vezes acho que muitos de nós brasileiros
temos um problema semelhante à Howard.
Robert E Howard era um
jovem reservado, filho de um médico dedicado – e por isto humilde
financeiramente – com uma senhora com doença terminal. Próximo
demais à sua mãe, o filho sofria com a progressão da doença.
Incapaz de se adequar à
sociedade da época, ele preferia estar com os marginalizados, como
lutadores de boxe, esporte que ele participou, se não para provar
aos outros de poderia vencer, ao menos para provar a si mesmo que
venceria. Trocou correspondência com vários autores, em especial os
outros colaboradores de Weird Tales, e assim influenciou e foi
influenciado por dezenas de textos e ideias.
À frente de seu tempo,
como demonstrado pelos biógrafos, que tiveram acesso à volumosa
correspondência que deixou, era tão rústico como os selvagens que
criou – talvez eles fossem uma visão romantizada de si – Howard
tinha um tipo físico truculento e hábitos reservados que o
afastaram de muitos amigos e romances.
Sorumbático em excesso,
começou a externar seus desejos e sonhos, com um mundo mais digno ou
mais adequado àquilo que ele acreditava ser um mundo justo, em
contos que vendia para revistas populares como a Weird Tales.
Meu primeiro ponto é
este, Howard conseguiu em parte externar suas necessidades através
das histórias. Aqui no Brasil não há espaço para tanto. Quem
tiver mesma criatividade de Howard não encontrará um mercado que
consuma mais pulp magazines ou outras maneiras de revistas de
contos. Talvez nem mesmo publicar uma revista em quadrinhos sem
receber pesadas críticas...
A literatura pulp
era um modo peculiar de narrar histórias. Eram revistas que traziam
noveletas de temas variadas, geralmente ilustradas por artes que
mostram uma (ou várias) cena(s) de relevância na abertura, meio ou
finais de um capítulo. Produzidas com material menos nobres, uma
espécie de polpa da madeira – daí o nome pulp – as
séries vendiam milhões e foram palcos das primeiras aparições de
vários personagens importantes como Tarzan, o Aranha,
o Sombra ou Doc Savage.
O tamanho da noveleta
dependia do sucesso do personagem, mas poderia ser algo entre 40 a 60
páginas, por exemplo. No Brasil estas séries também tiveram
espaço, mas encerraram sua carreira na década de 1.970.
Howard foi criador de uma
série de personagem interessantes, mas seu maior mérito foi criar a
“Era Hiboriana” e o astro maior, Conan – o bárbaro.
Num momento de tristeza
maior, ao entender que sua mãe não se recuperaria do estado em que
se encontrava, Howard tirou a própria vida. Os direitos de suas
obras pertenciam agora ao seu pai que repassou a outros autores nas
décadas seguintes. Sua obra foi resgatada em parte por L Sprague
de Camp, que finalizou algumas obras décadas depois.
Apesar de termos visto as
obras mais conhecidas como Conan, Kull, Salomão Kane e
mesmo a adaptada Sonja, existem dezenas de séries de contos
inéditos no Brasil ou pelo menos desconhecidas do grande público a
nível mundial.
Caso tenha interesse em
conhecer as obras de Howard, visite este link:
http://en.wikipedia.org/wiki/Category:Works_by_Robert_E._Howard.