Sociedade da Justiça da América, volume 3: A nova geração


E houve a Crise Infinita.

E durante um ano os principais heróis da editora DC Comics estiveram ausentes!

E então começou o processo de relançamento de séries e personagens. Com isso começou o terceiro volume de Justice Society of America, o quê nos cabe ao menos um esclarecimento. O volume 1 foi uma minissérie publicada no no início dos anos 1.990, que se passava no fim dos anos 1.950 (aqui). O volume 2 foi uma série mensal de curta duração, publicada antes de Zero Hora, famosa por ter a arte de Mike Parobeck. Já a série imediatamente anterior não se chamava Justice Society of America e sim JSA, emulando o JLA da série da Liga da Justiça de Grant Morrison

Cabe lembrar que além da série principal a equipe tinha uma série “auxiliar” chamada JSA Classified com arcos de história solo dos membros.

Começa aqui uma excelente trama que se estenderia durante o fim daquilo que chamo de “Era Geoff Johns na Sociedade da Justiça” que termina na edição #26 desta série, tendo ainda um epílogo por Jerry Ordway nas edições #27-28. Todas estas edições, mais um anual e três edições especiais compõem uma grande trama, dividida em partes.

Durante esta fase a Sociedade da Justiça na figura de seus três membros fundadores (Flash, Lanterna Verde e Pantera) irá funcionar como um centro de treinamento para novos heróis, porém não com uma visão militar, mas sim como uma grande família. Este é o tom da série: uma grande família de heróis, passando para a próxima geração os valores que norteiam a equipe e que supostamente deveriam nortear todos os heróis.

Publicada pela Panini Comics em Universo DC #8-11 (janeiro a abril de 2.008) e nos EUA em Justice Society of America v3 #1-4 (fevereiro a maio de 2.007) o arco A nova geração mostra Vandal Savage contratando assassinos para exterminar as famílias dos membros secundários da Sociedade, enquanto ele próprio exterminaria os familiares dos membros principais. O objetivo do vilão imortal era, com a morte dos sucessores, impedir que novas gerações de heróis surjam.

Escrito por Geoff Johns, com um elegante traço de Dale Eaglesham, e finais de Art Thibert a trama começa com o assassínio da família de Mr. América (Trey Thompson), passa pela seleção de novos membros para a nova encarnação da equipe (Sr. Incrível em meio período, Poderosa, Liberty Belle, Homem-Hora, Stargirl, Dr Meia-Noite, Starman, Detonador), a formação da amizade do casal Homem-Hora & Liberty Belle com o Detonador – os três herdeiros diretos de heróis da Era de Ouro; o contato com Maxine Hunkel (a Tempestade) neta da Ma Hunkel – a Tornado Vermelho original; a descoberta do delicado estado mental do Starman – ele é esquizofrênico grave – e não demora muito para percebermos que ele é o Starman da Legião dos Super-Heróis e que ele tem lembranças do evento “O reino do Amanhã” (aqui).

Após Thompson cair pela claraboia do prédio da equipe, descobre-se um plano para a eliminação dos familiares quando a equipe de vilões nazista chamada Quarto Reich ataca o encontro anual da família Heywood. Nathan é o atual herói Heywood, depois do Comandante Gládio (herói inserido em retro-continuidade na Era de Ouro, criado por Len Wein nos anos 1.970, basicamente um soldado que tem o esqueleto revestido com um metal indestrutível, exatamente como outro personagem também criado por Wein) e Gládio (herói que pertenceu à formação da Liga da Justiça que chamamos de “Liga de Detroit”, foi danificado irreparavelmente durante o evento Lendas e morto definitivamente anos depois). Porém Natham está em desgraça pessoal depois que uma infecção o obrigou a cortar a perna – ele era o herói pelo sucesso no esporte.

Durante o ataque do Quarto Reich, que elimina grande parte da família Heywood, Nathan fere um vilão que tem a pele revestida pelo mesmo metal que cobria os ossos do avô. Por algum motivo o metal é absorvido pela pele do neto do Comandante Gládio, que fica desacordado. Antes do final do arco, ainda desacordado, Nathan já tem uma perna reestruturada, sugerindo um novo herói – que já havia aparecido na capa da edição #1.


A grande surpresa fica com a existência do filho do Pantera! Havia uma longa trama sobre um filho do herói boxeador na série JSA. Geoff Johns preferiu por a pá de cal na história e criar Tom Bronson, resultado de um encontro de uma noite só de Ted Grant. Tom tem bom humor e sabia do identidade do pai há anos, nunca tendo vontade para revelar-se. A mãe jamais comentou a gravidez e o nascimento do bebê para Ted e Tom reconhecesse que ele nunca teve culpa desta ausência.

É a Tom que Vandal Savage resolve atacar, quando o Pantera já acreditava que não tinha nenhum vínculo real com o filho, que já tinha feito esforço para se apresentar como um covarde em relação à lutas físicas. Mas com a chegada do vilão o garoto revela-se um licantropo, transformando num “homem-pantera” e com a ajuda do pai e do corpo de bombeiros consegue derrotar o vilão.

Desde o primeiro momento da série o Gavião Negro (que dificulta o ataque do Quarto Reich à família Heywood) é mostrado como um personagem violento, extremista, irascível, nervoso. Em parte se deve ao fato que esteve envolvido numa Guerra Santa em Thanagar, dando continuidade à Guerra Rann-Thanagar, teve um rápido envolvimento com a Poderosa e a atual Moça-Gavião está na Liga da Justiça, namorando o Arqueiro Vermelho.

Ele, o Gavião, é o contraponto às personalidades amigáveis do trio Flash, Lanterna e Pantera; mas logo no decorrer da série terá esta função (de ser o personagem mais violento e militarista) é remetida para outro personagem.

Com o final da trama cai por terra a teoria de Savage, que eliminando os descendentes ele eliminaria a próxima geração de heróis, já que existem heróis que dão continuidade a uma lenda sem serem descendentes diretos.

Páginas com arte de Alex Ross – responsável pelas capas pintadas de toda esta fase e co-roteiros num momento à frente - deixam claro que a série terá relação com “O reino do amanhã”.

Um grande momento da equipe e um arco que dá gosto de se ler e reler.