Batman: Batman tem que morrer!

Em Batman #672-675, publicado no Brasil em Batman #76-79 da Panini Comics e escrito por Grant Morrison com arte de Tony Daniel e Ryan Benjamin e finais de Jonathan Glapion, Sandu Florea e Saleem Crawford, há um arco conceitualmente muito forte.

Batman enfrenta novamente o terceiro policial disfarçado como Batman – uma trama que iniciou no primeiro arco, veja aqui – e ao ter uma parada cardíaca devido a um explosivo detonado próximo ao tórax, morre clinicamente durante quatro minutos, tempo em que a falta de oxigênio no seus cérebro provoca uma visão de dois períodos distintos de privação: alguns anos atrás a pedido do exército e um recentemente durante o Thorgal, um período de trinta dias de isolamento.

Veja que Morrison não inventa nada. Clinicamente é a falta de oxigênio no cérebro que explica os flashes de imagens que algumas pessoas que passaram por situações limites como afogamento tem. A grosso modo é a explicação para para “revi toda a minha vida rapidamente”.

Ao amarrar as pontas, mas nem todas, Morrison explica que o convite do exército se deve a um projeto do governo que acreditava nos efeitos positivos da presença de um homem-morcego e treinou alguns policiais, destacando-se os três que são o atirador, o monstro e o terceiro policial, presentes nos arcos. A ideia também não é nova foi Doug Moench a usuou no Legends of Dark Knight Prey (Acossado), publicado no final dos anos 1.980 pela Editora Abril.

Alucinando, Batman tem fragmentos de visões e vê o Batmirim – um duende da 5ª dimensão, usado nos quadrinhos nos anos 1.950, mas famoso do público geral em função de uma série de TV de animação. Também tem visões (visões ou fragmentos de memória?) de sua perseguição à Joe Chill – o assassino de seus pais – que, na verdade, é uma versão diferente de uma história onde Chill confessa a criminosos que é o responsável pelo surgimento do Batman e já foi adaptada para a série de animação Batman: The brave and the bold (aqui).



Gordon, que ficou ferido com o ataque do terceiro policial Batman, consegue romper o muro de silêncio da Polícia e descobre a história toda, que se passou num período em que foi rebaixado e em seguida o esconderijo dos Batmen e facilita a fuga do homem-morcego original, que está ferido e sob estresse novamente, desmaiando numa lixeira. Na história seguinte, parcialmente recuperado, mas emocionalmente instável Bruce Wayne usa as sombras para auxiliar no resgate de Jezebel Jet, que percebe que o milionário descompromissado é o Batman.

Batman sob estresse e alvo de seus inimigos também não é uma ideia nova e original. Todo o imbróglio A queda do morcego parte deste princípio.

A história exige um pouco do leitor comum que tem que perceber sozinho que o experimento de criação dos homens-morcegos substitutos também era um experimento para saber como quebrar o original orquestrado por Dr. Simon Hurt e que este está ligado ao Luva Negra.


Apesar de arte bem ruim de Ryan Benjamin (apenas uma edição) e da tentativa explícita de Tony Daniel em emular o traço de Jim Lee, o arco faz todo o sentido quando lido no conjunto e oferece ao leitor uma visão de um longo plano de fragmentação da psique de Batman.

Excelente oportunidade para ver a habilidade de Grant Morrison como escritor.
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