Brainiac, o arco

Repaginar os personagens é a moda do momento nos quadrinhos e é coisa antiga. Desde 1971, com o arco “A criatura de areia” (The Sandman Saga) Superman é atualizado constantemente, geralmente de 4 em 4 anos ou de 8 em 8.

Puristas então retornariam a 1.955 quando iniciou a Era de Prata que repaginou personagens da Era de Ouro.

Ao meu ver não há mal algum em pegar um personagem pré-existente e lhe acentuar suas características, reforçando coisas que ninguém realmente observava.

Desde 1.987, ano que relançou seu universo, a DC Comics tem repaginado seus personagens constantemente.

Mas não se iluda, a Marvel Comics e mesmo a Image Comics fazem o mesmo! O Universo Marvel Ultimate (Marvel Millenium, no Brasil), as mudanças no Homem-Aranha e no Spawn estão aí para provar.

A DC tem três grandes realinhamentos que são Crise nas Infinitas Terras, Zero Hora e Crise Infinita, mas vários personagens são constantemente revistos, repaginados e relançados, hora sob uma ótica de super-heróis, hora sob uma ótica adulta, hora sob uma ótica de ressaltar suas características originais. A equipe Patrulha do Destino e o pistoleiro Jonah Hex são dois excelentes exemplos.

Então após Crise Infinita (2006), Geoff Johns iniciou sua carreira em Superman e quando estava estabelecido, depois da passagem de seu ex-patrão Richard Donner pela série (em dois arcos, aos quais Johns co-roteirizou) disse o seguinte: todos os Brainiac – vilão clássico do Superman, presente na série de TV Smallville – que já apareceram na Terra são, na verdade, versões ou modelos enviados pelo verdadeiro que jamais veio realmente à Terra.

E ele está vindo agora!

Em flashback há a narrativa de como Brainiac seqüestrou a cidade de Kandor, engarrafando-a e minituarizando-a.

Enviando um de seus avatares à Terra Brainiac descobre a presença de um kryptoniano e vem ao planeta, tencionando seqüestrar Metropolis.

É Supergirl que fornece informações fundamentais para o herói e o auxilia a enfrentar a ameaça.

Lindamente ilustrado por Gary Frank (lápis) e Jon Sibal (finais), e usando como inspiração principalmente as faces de Christopher Reever e Margot Kidder – Clark e Lois da cine-série original – o arco durou de Action Comics #866 a 870 e foi recentemente publicado no Brasil pela Panini em Superman #80-81 (jul e ago/2009).

O timing da história e a ação são perfeitos e o final é emocionante. Superman derrota Brainiac, resgata Metropolis e... Kandor! Metropolis volta ao seu local de origem e Kandor é restaurada ao seu tamanho normal ao lado da Fortaleza da Solidão.

De modo a estabelecer alguma balança cósmica e aproximar a série em quadrinhos das séries de TV (Smallville) e cinema, Jonathan Kent tem um ataque cardíaco e falece. A seqüência é emocionante e foi uma das primeiras mortes desnecessárias que realmente tem um contexto.

Não havia necessidade de Jonathan morrer, é verdade! Foi apenas para repaginar o Superman, aproximá-lo de suas raízes, já que originalmente o herói só começa a agir depois da morte dos pais, e ao mesmo tempo para produzir o quê nos quadrinhos se chama de “hype” – sensação, furor, atenção na mídia.

Com a morte recente, Superman ainda está em luto imaginando que poderia ter salvo seu pai se Brainiac não lhe exigisse tanta atenção e esforço. Isto pode afetar seu julgamento em relação aos resgatados da cidade de Kandor...

Se você tem preconceitos contra o Superman e a existência de kryptonianos aqui, seria um bom momento para acompanhar a série. Johns e Frank são dois super-stars e estão sempre associados aos melhores quadrinhos dos anos 2000.

Boa diversão!