Quem lê quadrinhos desde os anos 1990 certamente se recorda que as editoras americanas sempre tiveram políticas de especiais de atualização para relançar o personagem ou iniciar um arco ou saga.
Na DC Comics são tradicionais os especiais “Secret Files & Origins [ano]” que geralmente fazem o resumo da história de um personagem e mostram pequenas histórias com os principais coadjuvantes do arco a seguir, além de fichas de personagens.
É assim que funciona em parte a edição “Superman: New Krypton Special 1” de dezembro de 2.008, publicada por aqui em Superman #83 (out/2009) da Panini Comics. Feito a seis mãos no roteiro por Geoff Johns, James Robinson e Sterling Gates, apesar de não recontar a origem do Superman tem a ingrata função de mostrar o funeral de Jonathan Kent e delinear o início do novo período para o personagem.
Primeiro mostra que Superman deseja vingança contra Brainiac. Depois, mostra que o Exército americano teme a existência de 100 mil kryptonianos, baseados na reconstituída ao tamanho normal, cidade de Kandor – temporariamente ao lado da Fortaleza da Solidão, deixando claro que a localização da morada do Superman é pública.
Numa trama, à cargo de James Robinson temos o General Sam Lane, o novo personagem Codinome Assassino, e a colaboração de Lex Luthor na tentativa de obter informações do aprisionado Brainiac e de maneiras para derrotar os kryptonianos. Nota-se claramente de Lane odeia Luthor (numa das edições seguintes ele chega a atirar no ombro do cientista).
Ao visitar Kandor Kal-El encontra-se com os tios Zor e Alura, pais da Supergirl (o quê derruba toda a cronologia da atual Supergirl até o momento) e faz o encontro entre a prima e os tios.
Diálogos estabelecem uma tensão entre Lois e sua irmã e a responsabilidade do Superman na morte do pai de ambas, mostram que os kryptonianos não sabem usar suas habilidades e que a sociedade deles é divididas em castas – algumas representando fases específicas do Superman como a Era de Prata e a revisão distópica de John Byrne.
Martha Kent se sente sozinha e tenta fazer com que Clark não se culpe pela morte do pai e Jimmy comenta informações sobre sua pesquisa sobre o Codinome Assassino.
O lápis é de Pete Woods, Gary Frank e Renato Guedes e os finais de Woods, Jon Sibal e Wilson Magalhães.
Resta apenas uma única explicação. O General Sam Lane, pai de Lois e Lucy, sempre demonstrou que se sentia decepcionado por não ter filhos. Histórias deixam claro que Lois esteve em acampamentos militares e durante algum tempo foi doutrinada para ser o filho que ele não teve.
Com a escolha da carreira e depois o casamento com alguém que Sam julga fraco – um casamento, por sinal, sem filhos, ou seja sem herdeiros militares – Lois se afastou ainda mais do pai.
Lucy se casou com Ron Troupe, jornalista negro e politicamente ativo do Planeta Diário. Facilmente pode-se inserir diálogos em retro-continuidade que iriam ressaltar o desagrado do pai com um genro negro e uma filha que já casou-se grávida. Inclusive a gravidez não planejada coincide com um período em que o Planeta Diário foi fechado e Ron teve problemas financeiros.
Após algumas tramas na fase inicial de Superman, The Man of Steel, Sam Lane voltaria a ter relevância quando Lex Luthor se tornou presidente dos EUA.
Luthor, na época, tinha o conhecimento da identidade secreta do Superman e durante a mega-ultra-hiper-super-bobag... digo saga de verão “Mundos em Guerra” colocou o general em uma posição estratégica de modo a protegê-lo fisicamente.
Acreditava assim, que o Superman não deixaria o sogro morrer e por extensão ele próprio!
Mas, durante uma batalha a Mulher Maravilha esteve em uma posição de risco e optando, o homem de aço escolheu a amiga.
Lois e Clark superaram os traumas da morte e a super-sogra teve até uma trama em que admitia ser adúltera, de modo a dar espaço para Lois admitir que estava adulterando Clark Kent com o Superman, a quem ela viu a filha beijando.
Resolvidas esta pendengas, durante histórias ligadas à Crise Infinita, Sam Lane apareceu em uma história de fantasmas – o universo de magia da DC estava sendo re-estruturado – mas ao terminar a histórias os fantasmas desapareceram e ele continuou, deixando claro que o general não era um fantasma!
Não se tocou no assunto até o momento e o personagem retornou no arco “A chegada de Atlas” e neste especial.
No geral é uma bela edição de início de tramas, deixando claro que tudo que o leitor precisa saber ele saberá no devido tempo e que há muitas surpresas por aí.