Muitos anos atrás quando conheci os quadrinhos importados Star Trek: The Mirror Universe Saga foi um dos primeiros encadernados que vi no catálogo. Gente, como isso tem tempo!
Estes
dias li a história.
Não é muita coisa e tem de ser colocada demais
no contexto. Trinta anos atrás, em 1.984 a DC Comics
publicava uma série mensal de Star Trek. Em 1.982, 1.984 e 1.986 a
Paramount lançou A ira de Khan, À procura
de Spock e De volta para casa, filmes que davam sequência
a uma longa jornada iniciada na TV e filmes considerados por muitos
como um extrato do que há de melhor na cine-série.
A série em quadrinhos estava sendo editada antes e depois do terceiro filme (À procura de Spock). A nave Enterprise é destruída neste filme.
Kirk tem problemas com a Federação dos Planetas Unidas
que, no cinema seriam resolvidos no quarto filme – não há
intervalos real entre estes filmes, apesar de a produção ter dois
anos de diferença.
Decidiram narrar uma história “alternativa” onde a versão do Universo Espelho inicia uma invasão a este universo.
Publicada
originalmente como “New Frontiers” em Star Trek, DC
Comics, 1984 series #09 (dezembro/1984) – #15 (junho/1985),
com um epílogo na edição #16, vemos o ainda Almirante Kirk
perceber que seu destino na Federação dos Planetas Unidos não
seria agradável. Ainda com a Ave de Rapina klingon, ele é detido e
levado prisioneiro pelo Capitão Styles na USS Excelsior, que
é invadida pela tripulação da Enterprise do Mirror Universe.
Curiosamente eu apostava que neste momento o Mike W Barr substituiria uma Enterprise pela
outra e continuar as tramas nos quadrinhos com uma nave de qualquer
jeito.
A trama, no entanto é confusa e em alguns momentos o corte entre Excelsior e Enterprise confunde o leitor visto que a diferença entre os universos é basicamente a barba de Spock e o logo do Império – o uniforme parece ser em um tom mais escuro, mas com a colorização da época isto não é certo.
Confesso que “comi pança” umas
duas ou três vezes e tive que escanear atentamente a página em
busca do logo da Federação ou do Império. Tom
Sutton, artista da série, em minha opinião, deveria ter
construído um visual distinto para o Império – mas não há
maneira de garantir que a opção não tenha sido resultado de
interferência dos licenciadores, mesmo que W. Barr diga em Back
Issue #5, agosto de 2004, que o
relacionamento era bom, pois são mais famosas as limitações que
Peter David sofreu nas mãos dos licenciadores.
Kirk
consegue retomar a Excelsior, rompe a barreira dos universos e tenta
destruir a invasão por dentro, passando por sua contraparte.
Lá é
cooptado por um movimento rebelde que tem David Marcus – seu
filho, recém-falecido no filme – como líder!
Além
disso o conflito entre os Spock's, que passam a defender um objetivo
comum, e a associação do descoberto e fugitivo Kirk com o Império
Klingon e o Império Romulano são itens que mantém o
interesse na agradável “mas-não-leve-a-sério-demais” história.
No epílogo Kirk burla novamente os canais para continuar a ter uma
nave e Spock recebe o comando de uma nave científica.
Vale
lembrar aquilo que disse no review do primeiro arco (aqui): a
cronologia não tem efeito nenhum no cinema. O quarto filme se passa
IMEDIATAMENTE depois do terceiro e todas as aventuras dos quadrinhos
tornaram-se “ElseWorlds” - por falta de um termo melhor.
Mas não
são assim todas as histórias?
Texto
de Mike W. Barr, arte de Tom Sutton e finais de Ricardo Villagran.
Com este arco W. Barr encerra sua participação na série dedicando
exclusivamente a The Outsiders (Os Renegados,
anteriormente Batman and the Outsiders) e Detective Comics.
Nesta última, além de uma passagem com Alan Davis que está
sendo reeditada agora no Brasil pela Panini, Barr escreveu Ano
Dois. Apesar dos adendos posteriores em Zero Hora (1994) e
Crise Infinita (2004) que irritaram os fãs de cronologia, Ano
Dois é uma boa história presa em uma época de quadrinhos sérios e
violentos.