Os Vingadores: Uma vez Vingador...


Um dos projetos mais audaciosos da Marvel Comics em termos de continuidade foi o 3º volume da série The Avengers.

Diferentes das séries colegas como Captain America volume 3, Fantastic Four volume 3, Iron Man volume 3 e The Mighty Thor volume 2, Kurt Busiek não se preocupou em criar uma nova mitologia para a maior equipe de heróis do Universo Marvel, mas sim, aproveitar, explorar e esmiuçar toda a extensa cronologia que já existia.
Com isso ele preparou terreno para atrair leitores que gostavam da série e do conceito, mas certamente afugentou quem não queria uma série saudosista.

E ela o é!

Há citações pipocando em cada edição a todo o passado dos heróis, mas feitas de uma maneira criativa: elas estão lá e enriquecem a trama, mas não são fundamentais para a compreensão.
Assim, e você souber quem é o Demolição ou quem é a Madonna Celestial, bem, se não souber isto não irá atrapalhar o prazer da leitura.
As citações, que com um desenhista detalhista como George Pérez, tornam-se um detalhe saborosa, estão lá, mas não são perceptíveis a todos. E se a trama necessita de alguma história do passado esquecido – como o Campeão, por exemplo – Busiek & Pérez tratam de resumir e contextualizar para o leitor do fim dos anos 1.990.
Nas 36 primeiras edições quando o time criativo era Kurt Busiek, George Pérez e Al Vey com fill-ins como Jerry Ordway e Stuart Immonen, além de termos excelentes aventuras cheias de ação, temos também o resgate da história da equipe e dos seus personagens e dos problemas que os tornaram famosos: enfrentamentos entre o líder natural e o líder audacioso (Capitão América x Gavião Arqueiro), a paixão pela máquina e os triângulos amorosos (Feiticeira Escarlate x Visão x Magnum), a interferência do governo com um novo agente de interligação, segredos e alcoolismo.

Ou seja, detalhes que ao longo da história da Marvel tornaram a editora próxima de seu público, com seus heróis cheios de falhas.
Com as séries auxiliares Vingadores Eternamente (Avengers Forever), Avengers Infinity, Segurança Máxima e Avengers: Celestial Quest, toda a cronologia dos Vingadores é revista, posta em dia e os itens de relevância são aproveitados para as aventuras da equipe.
Vale lembrar que durante o ano em que Os Vingadores estiveram no Planeta Destino, a equipe de vilões disfarçados Thunderbolts regenerou-se e traiu os planos de seu líder logo após o retorno dos heróis. Como ambas as séries tinham Busiek como escritor houve dois cross-overs que mostram uma relação bem semelhante à que havia entre Vingadores da Costa Leste e da Costa Oeste.
Nas edições #1-4 temos um confronto místico com Morgana Le Fey & Mordred. Le Fey é uma versão da personagem celta da história do Rei Arthur, sua meia-irmã que teria um filho com o rei.

Quem desejar fazer um resgate inteligente do personagem pode busca As brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley (em 4 volumes).
O evento disponível nas edições 1-3 é uma desculpa para Busiek & Pérez reunirem todos os membros da equipe novamente contra uma ameaça comum e mística. Por um lado é uma aventura sem um pingo de novidade com dezenas de heróis sendo dominados mentalmente e a realidade recriada, mas por outro é delicioso ver o comportamento dos membros, versões alternativas e o belíssimo traço de Pérez.

Aqui Le Fey usa o poder da Espada do Crepúsculo – perdida com a destruição de Asgard – e as energias da Feiticeira Escarlate para construir uma realidade que a tem como regente máxima.
Foi publicado no Brasil em Grandes Heróis Marvel vol 2 #01.
A quarta edição é a escalação dos membros desta fase: Capitão América, Thor, Homem de Ferro, Visão, Feiticeira Escarlate, Warbird, Gavião Arqueiro e dois reservas Justiça e Flama.

Aqui também ficamos conhecendo o novo elo de ligação dos Vingadores com o governo: agente Duane Jerome Freeman, que tem uma política beeeeeemmm diferente de Gyrich. Como tramas secundárias temos o retorno dos sentimentos de Visão, a ressurreição de Magnum, o alcoolismo de Warbird (Carol Danvers) além do reposicionamento de muitos personagens do Universo Marvel a série merece atenção dos leitores e, na medida do possível, uma reedição pela Panini Comics, afinal já se vão 12 anos da publicação por aqui.


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