Review: A tormenta de espadas


A primeira impressão que se tem com A tormenta de Espadas (George R. R. Martin, Leya, 2011, tradução de A storm of swords) o terceiro volume de As Crônicas de Gelo e Fogo é que a grandiosidade pode prejudicar o autor. Há em cada livro dezenas de páginas para que o leitor identifique as Casas e seus integrantes que facilmente alcançam a centena e meia de personagens relevantes para a trama ou três centenas se contarmos os vivos e mortos que constantemente retornam em lembranças.

O livro é grande, longo e tem dezenas de tramas. Ousar fazer um review do calhamaço de 840 páginas e o mesmo que produzir um tratado e os personagens narradores só aumentam e os acontecimentos chaves só se ampliam.

Pela primeira vez tenho a impressão de que há um “final”, ainda que esteja longe disso.

Enquanto os irmãos Bran e Rick caminham para a Muralha e mantém a mentira de mortos o restante da família Stark não tem muito a se comemorar. A donzela Sansa é dada em casamento ao duende Lannister e a pequena Arya troca o captor anterior (Roose Bolton) por um novo. Apesar de marcantes vitórias em campos de batalhas o jovem lobo Robb Stark talvez seja semelhante demais ao seu pai e devido à honra irá caminhar uma estrada perigosa.

Davos Seaworth sobrevive à Batalha de Blackwater para ser a consciência de seu rei Stannis Baratheon, algo mais do que necessário, já que o poder e influência de Melissandre só aumentam. Enquanto em Porto Real as tramas políticas corroem a família Lannister, a donzela Brienne de Tarth amarga uma terrível viagem para levar à cidade Jaime, não sem recordações inesquecíveis. Assim como Tyrion, Jaime se revela um personagem humano e essencial para a trama.

E a cereja do bolo são os acontecimentos na Muralha e para além dela protagonizados por dois “personagens ponto de vista”, o valente e honrado bastardo de Winterfell, Jon Snow, que deve fingir ter traído a Patrulha da Noite e tornado-se um selvagem e o obeso e covarde Samwell Tarly que acompanha o Senhor Comandante Mormont no choque direto com os selvagens e com os Outros.

Se isto tudo não fosse suficiente os acontecimentos das Terra do Verão, envolvendo Daenerys mostram que a arte de governar não vem com o nome Targaryen. Diferente do volume anterior, onde nada mais era que uma rainha pedinte, a “nascida na tempestade” continua a cativar e consegue reunir um grande exército. Mas conseguirá ela mantê-lo?

A impressão que se fica é que Guerra dos Tronos, Fúria dos Reis e A tormenta de espadas são apenas um único volume. Todos os personagens terminam este trilogia inicial mudados e prontos para um choque do novo. Ao se terminar, as perguntas são respondidas e as respostas nos deliciam ainda mais e diferente dos finais anteriores não se tem a mínima noção do que virá em O festim dos corvos e Dance with dragons.

Uma série para ler e reler.