A guerra dos tronos é o primeiro volume da série As crônicas de gelo e fogo de George R R Martin, série de se pretende ser de sete volumes. Atualmente está sendo publicado nos EUA o quinto volume da série.
Martin, mestre em jornalismo, tem um estilo rápido com diálogos afiados e inteligentes, talvez em função de sua experiência na TV e cinema. Decepcionado com estas mídias, ele disse que seus roteiros tinham constantes cortes para se adequar ao orçamento dos estúdios e quando decidiu romper e ir para a literatura, criou tudo grandioso, deixando claro que não se importava com a possibilidade daquilo nunca ser adaptável. Flertou primeiro com a ficção científica, antes de passar para a fantasia medieval na segunda metade dos anos 1.990 quando já estava iniciando os preparativos para a trilogia cinematográfica O senhor dos anéis.
Erra, no entanto, quem imaginar que verá uma nova Terra-Média em Westeros, o continente central das tramas de As crônicas de gelo e fogo. Apelidado pela imprensa de ‘o novo Tolkien’, Martin deve sentir-se honrado com isso, mas suas tramas têm muito mais paixão do que honra. O Um Anel jamais encontraria seu fim na Montanha da Perdição se caisse nas garras de um Lannister, um Targaryen ou um Baratheon.
A volumosa obra de George Martin é composta de cenas, assim como a série de TV adaptada dela, Game of Thrones. Cada capítulo tem de quatro a oito páginas e apresenta uma cena, no máximo três, sob o ponto de vista do personagem escolhido – chamado de “personagem ponto de vista”. Funciona, realmente! Nos importamos com o destino de todos e entendemos o complexo jogo de honra e poder que está acontecendo e que irá definir os rumos deste reino imaginário.
A edição brasileira tem 567 páginas e é fácil ler 100, 200 de um fôlego só, por que queremos realmente saber o quê vai acontecer com os personagens e sabemos que serão suas escolhas e não a magia, que irão definir o rumo dos acontecimentos. Nisso ganha facilmente da obra-prima do mestre inglês J.R.R. Tolkien: o foco de Martin é o ser humano.
A guerra dos tronos narra a escolha da nova Mão do Rei do Rei Robert Baratheon. Seu amigo de adolescência, Lorde Eddard Stark, regente de Winterfell, um reino do norte, é escolhido para o cargo e vê-se num ninho de serpentes, que piora razoavelmente quando ele descobre a razão da morte da Mão anterior.
Mais ao norte, numa área congelada, separada dos Sete Reinos pela Muralha e guardada pela Patrulha da Noite, surge a ameaça de um selvagem que poderia estar liderando tribos e criaturas para um ataque aos Reinos. Será fato ou apenas boatos aumentados? Mas a Patrulha da Noite não vive seus melhores dias, sendo hoje apenas um agregado de bastardos, covardes, violentadores e ladrões. Poderia esta Patrulha estar pronta quando chegar a hora? E com os Sete Reinos perdidos no emaranhado de suas próprias tramoias, alguém ouvirá as súplicas dos dirigentes da Patrulha por recursos? Talvez nem mesmo a Muralha, com seus 200 metros de altura sejam suficientes para conter este avanço.
No distante leste, um casamento entre o comandante de uma manada de 40 mil cavalos e a última herdeira legítima do Trono de Ferro poderá representar o desiquilíbrio nesta sutil balança. Ou talvez... não!
Uma excelente leitura, mas que fique claro: é apenas o início das tramas, nada é verdadeiramente concluído aqui.