A fúria dos reis é o segundo volume da série As crônicas de gelo e fogo série escrita por George R R Martin prevista para ter sete volumes e com o quinto volume recém-lançado nos EUA. Este volume foi lançado nos EUA em 1998.
No segundo volume as páginas aumentam e o número de personagens narradores também, mas algumas tramas dão sinal de cansaço, em especial a da Daenerys. Ela viaja, conhece novos povos, novos feiticeiros e exibe seus dragões, mas toda a trama é para dar a ela alguma coisa para fazer enquanto a disputa pelo Trono de Ferro arde.
E a sensação é que ela não é o único personagem que não se desenvolve. Assim como na vida, alguns personagens, no entanto, dão saltos!
Um dos que se desenvolvem, e muito, é Tyrion Lannister, que consegue ser um bom Mão do Rei, substituindo seu pai que está na guerra. Isto cria um interessante conflito no leitor. Sabe-se que os Lannister são vilões na trama, mas é impossível não simpatizar com o duende e entender que suas decisões são acertadas na defesa dos interesses da família e do reino. Tyrion é justo, debochado e extremamente inteligente, porém está muito longe de ser um vilão para a série. Com toda a sorte de eventos bizarros que circundam o personagem é possível que ele seja o fiel da balança em favor dos justos, se é que Westeros tem justos.
O livro não é cansativo em nenhum momento, mas tem-se a impressão clara que está sendo criado um grande cenário para algo maior que ainda não aconteceu. Então o leitor tem a vívida sensação de pré clímax, porém sem um clímax real nunca. Mas que há vários impactos fortes, há!
A introdução de Stannis Baratheon – irmão mais velho do rei falecido, Robert, e herdeiro legítimo ao trono em função da infidelidade da rainha – e de seus coadjuvantes Davos Seaworth e da sacerdotisa Melisandre e o rápido conflito entre Stannis e Renly – irmão mais novo de Robert, que ilegitimamente deseja o Trono de Ferro – mantêm o frescor e a emoção dos eventos, mas há tramas que só mostram passagens, ou seja, os personagens envolvidos andam, sofrem, adaptam às situações mas não concluem, especialmente as tramas de Arya Stark e Jon Snow. Repito que em nenhum momento as tramas tornam-se cansativas, mas chega a ser intimidante ler 1.200 páginas de prólogo.
Por sinal a homossexualidade de Renly nos livros fica sub-entendida, já que não há personagens pontos de vista próximos, mas certamente ele é mais cativante que sua versão televisa, capaz de dividir o reino. O ator da TV mostra um rapaz muito frágil e covarde, indeciso de assumir uma postura no reinado do irmão. De qualquer modo não temos muito tempo para conhecer a fundo a psique de Renly...
Dentro da necessidade de ter um personagem narrador próximo a todos os personagens centrais que nem sempre são personagens ponto de visão, nota-se claramente que algo especial está destinado à Robb Stark no terceiro volume da série, já que ele simplesmente desaparece pouco antes do meio de A fúria de reis fazendo suas blitzkrieg. Suas batalhas rápidas e sucessos seguidos deixam claro que ele está vencendo com facilidade e poderá encontrar alguém à sua altura em breve. Como ninguém narra seus feitos de perto é de se supor que virá uma surpresa por aí.
A Batalha de Blackwater – uma batalha naval já nos capítulos finais do livro – é muito bem narrada, e é de se preocupar que a série de TV da HBO não terá orçamento para apresentá-la em toda sua magnitude, pois é um dos momentos centrais da trama. O episódio da série de TV que narra o evento foi escrito pelo próprio Martin. Devo avisar aos meus leitores que muitas batalhas são reduzidas na série de TV não somente em função de orçamento, mas também da dificuldade de trabalhar com atores com características especiais como o Peter Dinklage, que interpreta Tyrion Lannister, um anão. A cada livro ele não foge ao campo de batalha e nem passa a imagem de trapalhão que desmaia assim que inicia a batalha como ficou a impressão nos eventos da série.
A magia, neste volume, fica por conta da introdução de um coadjuvante na trama de Arya que concede a ela três mortes em troca de uma salvamento feito no início da trama. O contato que este personagem irá conduzir os rumos da jovem Stark nos volumes seguintes. Há certamente uns dois dedos de magia na trama dos Stark que continuam em Winterfell, os meninos Bran e Rickon, que com a ajuda com a ajuda dos interessantes irmãos Reed, Jojen e Meera, do povo rã, descobrem-se uma espécie de licantropos. As tramas de Sansa e Catelyn não mostram grandes avanços, mas servem como fontes de acontecimentos da família Lannister e dos campos de batalha, além de estenderem um pouco as explicações sobre a religião em Westeros.
Mas o personagem que realmente pode ser chamado de mágica é Melisandre, a sacerdotisa que serve Stannis, capaz de parir sombras assassinas e fazer venenos não terem efeitos, mas diferente da literatura padrão para fantasia medieval – O senhor dos anéis de Tolkien – a magia não se torna ponto focal da série. A uma série de eventos que são favorecidos pela existência da magia, mas ela não é quase um personagem com na série de Tolkien. Aqui parece mais com habilidades que exigiram muito treinamento.
Certamente há todo um impacto com a trama de Theon Greyjoy, que se torna um personagem ponto de vista, e trai a casa Stark, auxiliando o pai em um nova tomada do norte, tornando-se um estorvo para Robb, que tem que dividir suas frentes entre Greyjoys e Lanninsters. É realmente surpreendente as decisões de Theon toma, em especial a tomada de Winterfell, assim como a personalidade de sua irmã, Osha, que com Davos Seaworth é um dos novos tipos mais interessantes da trama.
O romance vale a pena, especialmente para aqueles que não aguentam esperar a primavera americana de 2.012.
A fúria dos reis é o segundo volume de As Crônicas de Gelo & Fogo. O review do primeiro volume está disponível aqui e o site de compras Submarino já está oferecendo o terceiro volume (A tormenta de espadas) para pré-venda, com entrega no início de setembro de 2.011. A série é uma excelente narrativa que mostra uma mistura de história fantástica medieval com tramas políticas muito bem urdida.