Steampunk e memórias

Há alguns anos meu grande amigo DJ Yuga enviou para mim nos cafundos das Minas Gerais um folhetinho da DC Comics anunciando a Steampunk uma série de Joe Kelly e Chris Bachalo.

Não.

Brinco.

Ele enviou mais coisas e entre elas estava o folheto.

Ainda tenho o folheto e nunca li a história, mas o quê gostei mesmo foi da breve definição do adjetivo: sub-gênero de literatura de ficção-científica que se passa nos primórdios da Revolução Industrial.

Eventualmente a palavra “steampunk” apareceu em algum texto nos últimos quinze anos desde quando Yuga enviou-me o pacote. Por coincidência afastei-me da ficção científica exatamente neste período. Se antes tinha adoração do Star Trek (Jornada nas Estrelas), percebi que somente a série Deep Space 9 (um sub-produto da franquia) era merecedora de minha audiência. Se antes tinha saudosismo por Star Wars (Guerra nas Estrelas), a nova trilogia e as séries de animação provam que era melhor quando sentia saudades – no entanto um aviso: assim que começar a série live action da franquia vou acompanhar cada episódio.

Quando Yuga foi embora eu devorada as obras de contos de Isaac Asimov e especialmente alguns números de sua revista de ficção científica. Foi lá que li Dogwalker e O jogo do exterminador – que décadas depois li a versão em livro do conto, aqui. Acompanhei vários romances de Star Trek publicados pela Aleph – acho que li uns dez – e diversas vezes procurei em biblioteca a primeira versão de Duna – ao qual já tinha assistido ao filme de David Lynch e uma das séries do Sy Fy Channel.

Com o fim do “Círculo do Livro” o contato com a literatura mingou. A Abril criou uma empresa de CD's – que também mingou – e esperei o auge da internet. Eventualmente tinha atenção novamente pelo gênero sci-fi e assistir duas séries que ficaram marcadas em mim: Babylon 5 e Battlestar Galactica.

Minha dose semanal de sci-fi estave garantida durante meses. Apesar de ter gostado do filme Stargate nunca de aproximei da franquia de séries homônima.

Redescobri o termo steampunk visitando estandes on-line de livros de editora especializadas em literatura sci-fi e fantástica. Tive reacesa a paixão quando descobri que “A princesa de Marte” de Edgar Rice Burroughs (autor de Tarzan) e “Duna” de Frank Herbert retornaram em novas traduções. Descobri que Júlio Verne (que já falei por aqui) era um dos precursores do gênero. Que ótimo! Tenho uns vinte livros dele em impressão recente para ler, o quê garante que eu não vá ter uma alergia respiratória. (Ainda que ler as edições mais antigas, empoieradas e envelhecidas fosse mais steampunk, por assim dizer) Isto sem contar que HG Wells, Edgar Allan Poe, Bram Stoker e Mary Shelley são autores “steampunk”. Certamente isso nos dá todo o direito de dizer que “A Liga Extraordinária” de Alan Moore & Kevin O'Neil é uma obra steampunk.

E não foi que na piauí #52 encontrei novamente o termo. Uma nota na seção “esquina” fala sobre um encontro e há o seguinte parágrafo:

(...) O termo steampunk surgiu na década de 1980, quando os escritores americanos Bruce Sterling e William Gibson lançaram livros de ficção científica ambientados no século XIX. Durante uma entrevista, quando lhe perguntaram se havia criado um novo subgênero literário, Sterling concordou e, de brincadeira, juntou as palavras steam (“vapor”) e punk (referência, no caso, ao cyberpunk, uma vertente nostálgica da ficção científica) (...)