
Dias depois li a novela “O jogo do exterminador” (Ender’s game) ao qual o romance homônimo é uma extensão. Devo confessar que acostumado com o estilo Isaac Asimov de narrar ficção científica, prefiro o conto ao romance, ainda que para minha surpresa tenha lido o romance de um fôlego só – tempo ocioso diriam alguns. Ambos são superiores à média, no entanto.
A trama trata sobre uma sociedade que treina crianças para impedir uma terceira investida de uma raça alienígena.
O personagem título (Ender Wiggin) é o personagem central e passa um longo treinamento que o ensina estratégias e a habilidade de comando, enquanto se isola e vive em conflito entre um irmão extremamente temperamental e uma irmã terna. Ele é um meio termo, capaz de viver em ambos os mundos.
Certamente o foco é a perda da infância, a imposição de regras alheias, o conflito entre o mundo simples que as crianças deveriam ter contato e acima de tudo uma fábula sobre o amadurecimento repentino e violento dos personagens, que a partir da entrada de Ender na academia passa a recrutar crianças ainda mais jovens.
Será que diante do extermínio da humanidade temos o direito de sacrificar a infância de uma geração de crianças?
E que legado esta geração deixaria para a humanidade?

Poderia o extermínio de toda uma espécie ser, de algum modo, ético?
Apesar do pouco sucesso da ficção científica no Brasil (notem o breve circuito que fez o excelente Star Trek, recente), pode-se encontrar pelos menos a seqüência deste romance (O orador dos mortos) e uma versão do roteiro de um filme de James Cameron (The Abyss), escritos por Card.
Além disso temos a excepcional visão de seu Ultimate Iron Man (publicado no lançamento do filme Homem de Ferro) onde novamente ele se depara com uma criança superdotada. Bem mais interessante que a versão “padrão” do personagem, seu Anthony tem conceitos que somente um escritor de sci-fi poderia fornecer a um personagem de quadrinhos.