Há muitos anos Swamp Thing (Monstro do Pântano por aqui, mas no dia – delírios meus – que eu for proprietário da editora que publicar as histórias do personagem, irei trocar para “a coisa do charco” ;) ) era uma revista bem produzida com uma equipe respeitável.
Karen Berger, editora responsável por muita coisa boa que a DC publicou, especialmente Legion of Super-Heroes de Levitz & Giffen, Swamp Thing e Sandman, além de ter criado o núcleo Vertigo, que se tornou selo (imprint, em inglês) da editora, uma marca forte, mostrou na seção de cartas de Swamp Thing #89 (novembro de 1989, data de capa) a razão pela qual o escritor Rick Veitch saiu da série.
Certamente não há leitores no Brasil que desconheçam o motivo, que foi abordado na imprensa várias vezes, inclusive no site Universo HQ.
Mas ao trazer a imagem quero mostrar aos meus leitores como as coisas são tratadas nos EUA e aqui. Sem poder interferir numa decisão editorial, Berger apenas lamentou o ocorrido, mas tornou público. Por aqui seria mantido por debaixo dos panos e citado enigmaticamente como “decisões editoriais” sem maiores explicações. Como o fato já público que a Legião dos Super-Heróis não era publicado na Abril apenas por que um poderoso editor não gostava da série (como não lembro mais a fonte prefiro não citar o editor, mas assim que a encontrar, atualizo o post).
Duas curiosidades:
a) Veitch nunca mais produziu para o mainstream.
Assumiu a arte e história de Swamp Thing após a saída de Alan Moore, e produziu uma fase elogiada (já publicada no Brasil, quase na íntegra), mas afastou-se do título graças à interferência editorial.
Fez “Brat Pack” (já publicado no Brasil pela HqManiacs) e trabalhou com Alan Moore em 1963 e Supremo, produzindo material para Image, além de outros materiais que não tive acesso ainda.
Produziu material também para a linha ABC de Alan Moore na Wildstorm.
Voltou para a DC e produziu uma série do Aquaman, além de outros materiais que, ou foram criticados por serem eruditos ou tiveram baixas vendas. Hoje é menor que em 1.989.
b) A Marvel Comics tem um recém criado núcleo interessante chamado “Legends”. Explico: Chris Claremont, autor dos X-Men acreditava que, se desse seqüência aos seus plots de 1.990/1.992 na série “The Uncanny X-Men”, teria resultados melhores com que continuar a intricada cronologia estabelecida após sua saída dos títulos.
A editora então decidiu criar a série/núcleo chamada “X-Men: Legends” onde ele poderia fazer isto; ou seja, afastaria da continuidade atual apenas o novo título e daria a caixa de areia para Claremont brincar.
Apesar de não se tornar um sucesso imediato de vendas, a idéia certamente tem seus méritos e a Marvel estendeu à escritora Louise Simonson para uma série chamada “X-Factor: Legends”.
Louise Simonson é conhecida por ser o modelo de Abby Holland para capa da primeira aparição de Swamp Thing. Na década de 1.980 foi editora assistente dos mutantes, onde assumiu “Novos Mutantes” após a saída de Claremont da série e criou a série X-Factor.
Originalmente o X-Factor eram os integrantes originais da primeira equipe dos X-Men afastados, pois a equipe mãe estava ou morta (O massacre dos mutantes, A queda dos mutantes) ou sob o controle de Magneto (The Uncanny X-Men #200).
Louise produziu a série, com direitos a muitos números com arte de seu marido Walt, até uma re-estruturação onde o título foi entregue à Peter David.
Louise e marido seguiram para DC Comics. Ela criou junto com Jon Bogdanove, a série The man of steel (depois alterada para Superman: The man of Steel), e, com a proposta da DC Comics de interligar as séries do homem de aço, tornou-se, além de escritora, a profissional que auxiliava o editor a gerenciar a continuidade entre as quatro (depois 5, depois 4 novamente) séries do kryptoniano.
Se a moda pega a DC Comics poderia fazer um “Legends” (com outro nome, certamente) para Veitch e Monstro do Pântano.
Veremos.