Em 1993 quando “Por Deus, pela pátria e pela Coca-Cola: A história não-autorizada do maior dos refrigerantes e da companhia que o produz” de Mark Pendergrast foi publicado no Brasil eu era leitor assíduo de VEJA e desejei o livro de imediato. Pelas idas e vindas do destino só o adquiri em 2016 em um derrame de livros – alguns de gosto duvidoso, confesso – possibilitado pelos ganhos da época (2016-17 eu consegui a proeza de também trabalhar no setor de educação sem deixar o emprego principal).
Como o que fácil vem, fácil fica no fundo do baú, “Por Deus...” ficou no fundo do armário por mais seis anos, apesar de algumas tímidas tentativas de iniciá-lo. Finalmente em 2022 iniciei um projeto de ler todos os volumes que já tenha adquirido e o livro entrou na fila.
Primeiro é necessário explicar bem que é um livro histórico. Ela conta a história das pessoas que criaram a Coca-Cola, do processo de criação (no apêndice há a fórmula e o último capítulo revela o porquê de não ser um segredo tão importante assim), a história das pessoas que compraram a marca e que a transformaram em um refrigerante presente em qualquer lugar do planeta, assim como também contam boa parte a história de seu principal concorrente, a Pepsi e de como ambas as marcas tiveram ligações no poder. Em especial é relevador que Richard Nixon tenha sido garoto-propaganda da Pepsi e que tenha viajado a América a soldo do refrigerante após a sua derrota tornando-se conhecido e permitindo que na campanha seguinte fosse eleito.
O livro é essencialmente histórico e aborda com detalhes as questões de publicidade da empresa, suas escolhas, acertos e erros. As tentativas de de dissociar da cocaína presente nas primeiras versões do refrigerante, assim como a curiosa questão de se referir à dose de Coca-Cola como “pico”, a criação do refrigerante diet – o primeiro foi o “TaB” que durou até 2022 e que nunca ouvi falar, a aquisição da Columbia Pictures nos anos 1980 (e seus acertos com “Os Caça-fantasmas” e o fracasso com “Ishtar”), a fundação da Tri-Star e sua fase final se concentra no lançamento da “Diet Coke” (a empresa tinha escrúpulos em lançar um produto com uma alteração da fórmula porque dizia que a fórmula era perfeita) e o polêmico lançamento da “New Coke” que foi feito nos EUA e Canadá e criou uma onda de saudosismo sem precedentes. Resultado: com as críticas à nova fórmula a antiga retornou com enorme força e retornou o domínio do mercado - “New Coke” continuou a existir, sendo descontinuada apenas no início da década de 2020.
Um livros obrigatório para entender algo sobre o poder da nostalgia e como a publicidade afeta o público. Evidente que a escrita estranho um pouco, seja pela ocupação física das páginas, seja pelo método de divisão de assuntos (os sub-capítulos). Mas vale e muito a leitura.
Ediouro. ISBN 85-00-72493-5.
472 pgs. 1993.