Sou um fã tardio de Star Wars.
Realmente eu assisti a “O retorno do jedi” no cinema, entendendo pouco ou nada à época. Daí o quê me alimentou foram alguns poucos quadrinhos da série da Marvel Comics publicados em “O incrível Hulk” da Editora Abril. Já nos anos 1990, mais de dez anos depois do filme eu tive acesso aos quadrinhos da Dark Horse – a série que marcaria a retomada nos EUA mas que aqui ficou apenas na base do “isto é tudo, pessoal”. Depois os novos romances (a partir de 1995), o relançamento de cada um dos filmes e posteriormente o lançamento da versão remasterizada em VHS, para então chegar à nova trilogia. Fui bombardeado com material Star Wars dos 8 aos 30 – e continuo até hoje.
Sim, eu viajei de ônibus para Teixeira de Freitas para assisti “Uma nova esperança” em cinema, fato que se repetiria no terceiro episódio desta trilogia; mas no exato momento do "Episódio II" eu já tinha me afastado momentaneamente, o quê é fácil de explicar pois “Uma nova esperança” foi apresentado como um fenômeno cultural, só compreensível totalmente quando filtrado pela nostalgia. Nesta fase eu já acreditava que “Guerras Clônicas” seja a série em animação 2D, seja a série de animação gerada em computadores era a mídia que melhor trabalhava alguns conceitos, em especial Anakin Skywalker que, no meu entender, era mal apresentado no cinema.
Tive algum contato com o material do fim do período da Dark Horse, já no século XXI, e tenho uma grande curiosidade sobre como foi a transição entre “República” e “Império”, logo após a Ordem 66. Mas é pacífico para mim que a Disney criou o selo Legends onde pôs todo o material deste período, uma grande selo alternativo para as história de Star Wars, já que este material “atualmente” não é válido para a continuidade dos personagens. Observe que atualmente está entre aspas.
Esta edição nacional da Panini Comics é a primeira de 24 de uma série que pretende publicar – e republicar algo, claro – material de “Star Wars: Republic” (a partir do 78, nov/2005) e “Star Wars: Dark Times”, a série que continuou após o fim de “Republic” e junto uma dezena de edições especiais e minisséries.
Nesta edição 1 temos Star Wars: Republic 78-80, Star Wars: Purge (2005), Star Wars: Purge – Seconds to Die e Star Wars: Purge – The Hidden Blade. “Lealdades” (Star Wars: Republic 78 de John Ostrander, Luke Ross, Jason Keith) nos apresenta Sagoro Autem, ex-membro da Marinha Imperial agora perseguido e mostra que o Imperador quer reescrever o fatos sobre o atentado a si. “Rumo ao desconhecido” parte 1 e 2 (Star Wars: Republic 79-80 de Welles Hartley, Doug Wheatley, Chris Chuckry) mostra dois comportamentos distintos. Mestre Hudorra libera sua padawan e pede que ela viva até que haja o momento de reagrupar a Ordem Jedi, algo que ele não acredita, enquanto em Nova Plympto o Mestre Dass Jennir se alia ao nosauriano Bomo Greenbark – já apresentado no Brasil, quando da tradução da série “Dark Times”. Jennir após uma viagem a Coruscant decide retomar a Nova Plympto e continuar ao lado de Greenbark combatendo troopers e agentes do Império.
“Expurgo” (Star Wars: Purge de Ostrander, Wheatley e Ronda Pattison) mostra Darth Vader sendo atraído para uma reunião de jedi sobreviventes e exterminando-os. Star Wars: Seconds to die de Ostrander, Jim Hall, Alex Lei & Mark McKenna e Pattison mostra a jedi Sha Koon enfrentando Darth Vader com o pretexto de tomar seu lugar como servo do Imperador. Por fim, Star Wars: Purge – The Hidden Blade de Haden Blackman e Chris Scalf mostra Darh Vader na perseguição a um jedi que o ilude para destruir seu armamento e seus soldados. A arte desta história chama muito a atenção.
Em termos de arte o volume é inconsistente e o próprio roteiro é bastante redundante: um jedi ou um núcleo jedi sobrevivente, Darth Vader descobre a localização, alguns enfrentamentos e o resultado final. Ainda assim, para fãs da série cinematográfica, este material pode oferecer alguns momentos divertidos, ainda que absolutamente previsíveis.