Reunir
JM DeMatteis, Keith Giffen e Howard Porter
(emulando em muito Kevin Maguire) certamente seria uma tentativa de
reeditar o processo de Liga da Justiça Internacional, mas não
funcionou assim! Infelizmente!
Scooby
Apocalipse tem uma história sólida mas que não consegue evitar
a sensação de “já vi isto” a todo o momento!
A
trama que adapta o plot básico da série de desenhos animados
“Scooby-Doo onde está você?” para nosso contexto de
conspiração a cada esquina e mostra os astros de um programa de TV
decadente, Daphne e Fred, sendo convocados por uma
cientista misteriosa Velma para denunciar um experimento
genético. Inadvertidamente se unem a eles “Salsicha” Rogers,
um treinador de cães, que se afeiçoou ao covarde dogue alemão
Scooby-Doo que vive com implantes que lhe permite falar em
reduzido nível e projetar emoticons!
A
trama tem seu ápice quando os cinco já reunidos invadem a estação
de pesquisa, mas o vírus de nanitas é liberado na atmosfera,
transformado alguns infectados em monstros da cultura pop. Velma
passa a expiar a culpa e uma história bem risível é construída em
cima disso, enquanto ora Daphne a culpa, ora compreende que a
cientista queria denunciar o experimento.
A
representação dos personagens está adequada, bem palatável.
Salsicha é retratado como um hipster idiota, Fred como um
apaixonado que é capaz de fazer tudo por Daphne, mas certamente
esta, Velma e Scooby se destacam, especialmente a cientista que é
dona de parte da narrativa sobre os “comos” e os “porquês”.
Há, no entanto, espaço para todos. Infelizmente parece um “The
Walking Dead” genérico, algo que nos ligaremos afetivamente
enquanto durar a série, mas que, quando encerrar, poremos no fundo
do baú e só tiraremos a cada década para dizer falsamente “quanto
era bom”.
A
arte do Porter é ruim, estática e seu personagens parecem
envelhecidos, isto quando não está copiando a construção facial
de Maguire! Em alguns momentos Fred parece uma “tiazona” de
sessenta anos com sucessivas plásticas que não funcionaram tão
bem! Salvam as belas capas alternativas de Jim Lee –
evidentemente para quem gosta da arte dele. O roteiro é básico: com
a contaminação os cinco tem que resolver suas diferenças enquanto
estão aprisionados em um mercado após terem fugido da estação de
pesquisa em uma “Máquina do Mistério” em formato de
tanque. Estarem presos daquela maneira me lembrou muito “The
Walking Dead” no início, quando estavam na prisão.
Construída
no processo de repaginação das propriedade “Hanna-Barbera”,
“Scooby Apocalipse” foi minha maior expectativa e maior decepção!
Acompanhei o lançamento e li os dois primeiros números, mas lendo o
primeiro volume completo achei parado, sem desenvolvimento, com um pé
no freio! Muita coisa acontece no número 1, alguma no número 2 e
depois é só repetição ou estagnação. Talvez se a série migrar
para o humor sem limites que caracterizou a Liga da Justiça
Internacional eu continue! Curiosamente neste momento já foi lançado
no número 25 nos EUA, tornando-se uma das séries com maior duração
do projeto, indicando que certamente os autores conseguiram salvar o
arroz! No Brasil o volume 2 já está disponível para pré-venda.
Certamente
um material que não é apenas para saudosistas, pois atira em todas
as direções, mas me soa como o produto mais fraco do projeto.
Scooby
Apocalipse volume 1, ISBN 978-85-8368-280-6, Panini
Comics, 2018, reúne as edições #1-6 da série americana Scooby
Apocalypse.