[Trama]
Seguindo
para Washington o grupo de sobreviventes liderado por Rick Grimmes
vê-se com tensões internas quando um dos gêmeos mata o outro e
eles sabem que há uma decisão difícil a ser tomada. Do nada surge
o Padre Gabriel Stokes e o grupo passa a ser perseguido por
caçadores nas sombras, que capturam Dale e se revelam
canibais!
O
grupo terá que resgatar o colega e vingar-se caso necessário!
[Opinião]
Novamente
todo o cansaço que pode haver quando se pensa racionalmente sobre a
série se vai após a leitura deste arco. Esta é a melhor edição
desde o volume 2 da série! O quê faz isto? Um conjunto de
fatores. Primeiro Rick volta para a liderança, que ainda é
um coletivo e ele dá espaço para todos partilharem do peso das
decisões. Segundo, Kirkman ousa tocar em pontos espinhosos. E
vários!
Primeiro
sobre a loucura juvenil, pois Ben mata Billy, mas
parece não saber o quê fez. Como saber como o apocalipse zumbi
afetou o menino? Diante do quadro eles conversam sobre matá-lo, mas
ninguém quer fazê-lo, especialmente Dale e Andrea que se recusam
simplesmente a discutir a questão. A frieza das páginas que mostram
os diálogos sobre o futuro do garoto são um show à parte.
Mas alguém tem que tomar a difícil decisão. E alguém inesperado
toma!
Um
padre que se manteve protegido em sua igreja enquanto seus fiéis
morriam pelo lado de fora é um detalhe sombrio que marca a crueldade
do texto. Mas o detalhe de mestre são os caçadores canibais,
covardes, incapazes de lutar, que primeiro mataram as crianças de
seu próprio grupo!
O
momento em que o leitor se dá conta do que aconteceu com Dale é
chocante, e mesmo diante do festival de atrocidades que já vimos na
série, temos um choque que permanece nítido quando se pensar no
personagem. A trama é muito bem desenvolvida e, ao fazer opção por
caçadores covardes, os autores deixam subentendido que em algum
momento poder ser que eles encontrem caçadores que não sejam.
O
sofrimento de Andrea, que perde os gêmeos, a quem junto com
Dale adotou deste o início da série e o próprio companheiro é
digno, tocante. Devo lembrar que do grupo inicial restam apenas Rick,
Carl e Andrea que junto com a popular Michonne parecem serem
intocáveis. Esta, por sinal, Kirkman poupa neste ano (os volumes 10
e 11 correspondem a um ano de edições da série mensal), ainda que
comece a demonstrar um interesse em Morgan.
Há
algumas dicas sobre o futuro. Kirkman busca mostrar Eugene
como um deslocado em um determinado momento observando bobamente um
encontro sexual entre Abraham e Rosita. Em outro ele
surge, com conhecimentos genéricos pouco úteis, mas novamente
parece ter algum conhecimento científico quando observava uma falta
de habilidade motora nos zumbis. Aqui um zumbi aparentemente não
consegue se mover para atacar suas presas. É a segunda sequência
que mostra tal detalhe.
Pelo
conjunto do reunido neste volume, as edições The Walking Dead
#61-66, meu interesse foi novamente renovado e percebi que os
autores poderiam ousar um pouco mais e eu continuaria acompanhando –
ao menos os próximos volumes. À medida que alguém cai fica-se com
a curiosidade mórbida sobre como cairá o próximo.
Os
mortos-vivos volume 11: Sob a mira dos caçadores, março de
2013, HqM Editora. Texto de Robert Kirkman, lápis e finais de
Charlie Adlard e tons de cinza de Cliff Rathburn. ISBN
978-85-998-5965-0.