[Trama]
Cai
por terra a farsa do centro de comando em Washington: Eugene é
um simples professor que lutava para parecer importante e manter-se
vivo. Havia mentido para que o grupo o protegesse.
Em
seguida Rick e seu grupo são recrutados para uma comunidade
de sobreviventes e assim que aceitos, tem dificuldades em viver em um
grupo de pessoas.
[Opinião]
Observe
atentamente a página 24 deste encadernado. É um divisor de águas.
Podemos dizer, sem sombra de dúvida que The Walking Dead vai
do número 1 ao 67 e depois há o restante.
Não
quero dizer que a série se tornará inferior. Mas o primeiro ciclo
termina e a partir de agora inicia um segundo ciclo que é a
reconstrução da civilização. Woodbury não era a
reconstrução da civilização pois mantinha em vista o mundo
apocalíptico em que vivia. Era fácil lembrar disso com sua arena e
seu líder. Alexandria, nos
arredores de Washington, realmente parece uma comunidade
normal.
Isto
é que choca! E ao leitor é um pisão brusco no pedal de freio. Nós
estávamos acostumados a um outro padrão e Kirkman altera levemente
as regras do jogo. Não posso dizer que gostei.
O
volume reúne as edições The Walking Dead #67-72. A edição
#67 é sobre a mentira de Eugene, daí para frente é
chegar em Washington (eles chegam na edição #69), mas
o foco é aceitar o rastreador Aaron e depois a vida na
cidade.
Rick,
no entanto é Rick. Convidado pelo líder de Alexandria e
ex-congressista Douglas Monroe para ser um “agente” um
equivalente a policial, nosso velho e desconfiado sobrevivente começa
de imediato a construir planos de tomar o poder a partir do primeiro
momento em que as coisas deem errado! Andrea e Glenn
estão a par de suas maquinações.
Há
situações em aberto e algumas fechadas. Carl e Rick
conversam sobre o que motivou o menino a matar o Ben e acertam
suas diferenças. Carl, tão endurecido pelos catorze meses que
passou, tem dificuldades de conviver com as crianças da comunidade.
Teme que este período no conforto vá amolecer o grupo. O mesmo
temor compartilhado por Abraham, Rosita e Andrea.
A
questão da pouca ameaça dos zumbis volta novamente – na página
12 – quando Glenn diz que bastava empurrar o zumbi para fugir dele.
Nos últimos três encadernados esta trama secundária tenta
estabelecer um novo nível de risco para os mortos-vivos. Seriam
perigosos apenas em grandes grupos e em ataques repentinos. O risco
agora são os vivos. Definitivamente!
Uma
das situações em aberto se referem à comunidade. Há uma clara
disputa de poder e já houve uma ovelha negra – Davidson.
Nem todos estão realmente felizes com o fato de um grupo de doze
pessoas ser inserido em uma comunidade de quarenta. É uma questão
estratégica. Uma dúzia de pessoas unidas podem tomar o poder. Outra
questão é que o arco é focado na comunidade, na chegada, na
ambientação, mas pouco sobre como eles vivem e o quê fazem os
homens armados fora da comunidade. Rick inclusive nota isto ao
comentar com Andrea: “Você deu uma boa olhada nessas pessoas?
Eles mandam os mais perigosos deles lá fora para trabalhar na
construção de muros todos os dias. Se algum dia tentarem nos
expulsar, só precisamos tomar esse lugar e fazer dele nosso.”
Mas
o quê virá pela frente será uma segunda página quando comparado
ao período em que eram apenas nômades enfrentando zumbis e
garantido a sobrevivência edição a edição.
[Em
tempo]
Há
uma dúvida sobre a data exata. A dúvida não é razoável para mim.
A série não faz menções a alguns apetrechos tecnológicos atuais,
mas como foi citado um gameboy em um dos episódios
anteriores, é plausível que se passa após a segunda metade dos
anos 1.990. Neste arco Douglas cita a internet como local de
informações, o quê ajuda a cimentar que a série se passe neste
intervalo de tempo, após o surgimento e quando a rede mundial já
havia recebido este papel de informativo e ampliador de fuxico.
Então
é também plausível que as pessoas tenham relógios digitais que
tenham baterias que duram dois, três ou quatro anos. Se Rick e seu
grupo estão errando a catorze meses é possível que alguém tenha
um relógio desses, ou que seja encontrado e confirme a data.
Diálogos que reforçam que todos não sabem com precisão a data me
entristecem. Outro detalhe é que se há painéis solares em
Alexandria que permite o uso de eletricidade. Então também é
plausível que alguém tenha trago um computador para utilizar nos
registros. A bateria que alimenta as placas-mãe não teria se
esgotado em catorze meses.
Se a
preocupação é sobre um pulso eletromagnético – estamos
extrapolando – há sempre a memória de Alfred em The Dark Knight
Returns (1986) e confiando no seu relógio de pulso. Estes relógios
mais antigos não necessitavam de baterias.
Insistir
que não se sabe o dia é meio que incômodo. O ser humano tem uma
necessidade de saber exatamente onde está e que dia é. Acho,
inclusive que haveria um grupo de sobreviventes empenhado em
encontrar o maior número de relógios para determinar o dia e hora
exata. Mas o autor não pensa assim.
Os
mortos-vivos volume 12: Cercados pelos vivos, junho de 2013. HqM
Editora. ISBN 978-85-998-5968-1. Texto de Robert Kirkman,
lápis e finais Charlie Adlard e tons de cinza de Cliff
Rathburn.