A
editora Planeta DeAgostini se propôs a publicar uma coleção
de 70 volumes de histórias selecionadas das adaptações em
quadrinhos da cine-série Star Wars. Bom. 70 volumes x 11
histórias por edição é 770 aventuras, mas nem todas em o formato
de 22 páginas, então é saudável levar a conta para 700 histórias.
É muito material, mesmo para universos ficcionais mais antigos como
a Marvel Comics ou a DC Comics.
A
editora inicia com o trabalho da Marvel Comics, publicado
originalmente a partir de 1977/78 na esteira do lançamento do
primeiro filme. Bom. E decide utilizar como fonte a série de
encadernados Star Wars: A long time ago, onde a partir de
2.002 a editora americana Dark Horse reeditou a série,
recolorindo-o – ironicamente a partir de 2.015 a Marvel reeditará
algumas séries da Dark Horse.
A
edição reúne a adaptação do filme Star Wars (#1-6)
com roteiro de Roy Thomas e arte de Howard Chaykin e
a arte-final de Steve Leialoha, Rick Hoberg e
Bill Wray. Nada de novo, exceto o encontro entre Han Solo e
Jabba, the Hutt, com um visual bem distinto. A cena, como se
sabe, foi excluída do filme original, mas aqui aparece outra versão
de Jabba, sendo portante a primeira a aparecer para o público. Uma
curiosidade somente, já que Jabba sempre será a criatura que vimos
em O retorno de Jedi.
Depois
temos Novos Planetas, novos perigos (#7) e as três edições
seguintes (Os oito campeões de Aduba-3 - #8; Confronto em
um mundo desolado - #9 e O behemoth do mundo subterrâneo
- #10) que traz roteiros de Roy Thomas, Roy Thomas & Don Glut
(#10) e arte de Howard Chaykin com Tom Palmer e Alan
Kupperberg. A la Os sete samurais, Han Solo
tem o pagamento que recebeu por auxiliar a Rebelião roubado –
pagamento com o qual pretendia pagar Jabba, diga-se de passagem – e
vai para o mundo agrícola de Aduba-3 onde é contratado para
proteger uma vila, constantemente ameaçada por arruaceiros que
roubam a produção agrícola local. Alia-se a um grupo de
desajustados de segunda classe. A trama muda um pouco na edição #10
quando é inserido a ideia de um monstro – o behemoth –
que anteriormente protegia a aldeia e agora sai do controle.
Este
quarteto de histórias, visivelmente inspirado em Os sete samurais ou
no western Sete homens e um destino é a
primeira história do Universo Expandido de Star Wars,
visto que as edições #1-6 eram apenas uma adaptação em quadrinhos
do filme. Como curiosidade o coelho Jaxxon (criado para emular
Rocket Raccon?) e o pretenso jedi Don-Wan Kihotay,
um velho tido como tolo ou louco que defende ser um dos jedis
sobreviventes e tem um sabre de luz! E a história do behemoth lembra
uma meia dúzia de aventuras de espada & magia com o qual Thomas
tinha muita intimidade, o suficiente para evitar o clichê do xamã
tido como louco, mas que não era não louco assim.
Em
Busca Estelar! (edição #11) com roteiros de Archie
Goodwin e arte de Carmine Infantino & Terry Austin,
retornamos a atenção à Luke Skywalker e Leia Organa.
Em uma trama secundária das edições #8-10, Luke vai em busca de
uma nova base, visto de Yavin foi descoberto e assim que Darth
Vader chegar à sede do Império certamente haverá um
ataque. Ao encontrar um mundo e fazer uma transmissão o sinal de
Skywalker se perde e Leia, desesperada e levemente apaixonada, vai em
sua busca. A edição começa com Solo saindo de Abuba-3, sendo
recapturado pelo mesmo pirata que roubou seu pagamento – Jack
Escarlate – e encontrando Leia prisioneira.
Leia
preocupado com Skywalker, fornece informações que os levam à
Drexel, onde Luke tenta sobreviver a um monstro marinho,
enquanto os amigos se aproximam.
[Opiniões]
Indicado
apenas para fãs 1) de Star Wars; 2) da Marvel Comis; ou de 3)
quadrinhos da Era de Bronze, a coleção é uma boa maneira de
resgatar este material em geral inédito no Brasil – teve algumas
edições publicados pela Bloch e algumas pela Editora
Abril.
Mas
advirto que é um material que envelheceu mal. Diferente de um
Strange Tales ou um Jungle Action, apenas para ficar em
material da Marvel Comics, Star Wars é uma leitura que hoje desperta
apenas curiosidade e não desejo. A arte de Chaykin é desleixada e
alterna vários quadros bem construídos, com momentos poucos
inspirados. Quando Tom Palmer chega à arte-final fica-se, como
sempre, com a impressão de que o artista é John Buscema.
A
edição termina com a primeira mudança de equipe de produção,
indo para as mãos de Archie Goodwin e Carmine Infantino. Goodwin foi
um dos responsáveis pela adaptação para as tiras de jornais (que
não sei se fará parte desta coleção), que volta a trabalhar com
os personagens juntos, mas sem o Império como incômodo principal –
aqui são os piratas os vilões – têm-se a impressão de que
naquele primeiro momento os quadrinistas não tinham entendido
realmente quem era o vilão da história.
Devo
lembrar que a trama geral da busca de uma nova base para a Rebelião
é a mesma premissa da atual série Star Wars: Legends,
recém-iniciada pela Panini.
Repito:
apenas para fãs!