Stormbringer é
uma coletânea de quatro noveletas de Michael Moorcock que tem
como personagem principal o último Imperador Feiticeiro de
Melniboné, Elric de Melniboné. A primeira edição
da coletânea data de 1.965, publicada no ano seguinte ao
encerramento do ciclo.
É comum nos trabalhos de
Moorcock que ele revise o trabalho quando publicado em um novo
formato, assim o livro A espada diabólica (Livraria Francisco
Alves Editora, 1975 tradução da coletânea) tem uma versão mais
curta da história.
Stormbringer é composto
pelas noveletas Dead God's Homecoming, Black Sword'sBrothers, Sad Giant's Shield e Dommed Lord's Passing.
Esta terceira noveleta foi publicada em Science Fantasy #63,
em fevereiro de 1.964.
Ao ler a versão presente
em Elric The stealer of souls (Chronicles of the Last
Emperor of Melniboné: Volume I, Del Rey, 2008) notei que a
versão traduzida une as tramas de Dead God's Homecoming e Black
Sword's Brothers no conto O advento do caos, que todos as
batalhas navais de Sad Giant's Shield, cerca de ¾ do conto, são
cortadas em O escudo do gigante triste e que Dommed Lord's
Passing transformou-se em A agonia do Príncipe Condenado. No
momento não tenho elementos para afirmar que a versão em romance de
Stormbringer, ao qual a Livraria Francisco Alves Editora baseou sua
publicação em 1975, era uma versão curta das histórias originais
ou se, estas presentes em The stealer of souls é que são versões
estendidas.
A trata geral do ciclo
trata sobre um conflito armado sobre oriente e ocidente e sobre o uso
de magia em ambos os lados, desequilibrando a balança que equilibra
as forças naquele universo. Tudo leva a crer que será o conflito
definitivo entre bem e mal, entre Lei e Caos e que a humanidade
sofrerá caso qualquer um dos lados ganhar a guerra.
Jagreen Lern, o
teocrata, está muito próximo da vitória definitiva e vem colhendo
resultados positivos em diversas batalhas navais, auxiliando por uma
frota mística e um monstruoso capitão, chamado Pyaray.
Avisado por Sepiriz
da existência de um escudo místico de um gigante chamado Mordaga
– anteriormente um deus – Elric, Moonglum, Dyvin Slorm
e Rackhir vão em busca desta arma para fazer a diferença na
guerra.
Conseguirão chegar a
tempo? Conseguirão fazer a diferença?
[Comentários]
Certamente uma noveleta
que passou por diversas revisões da versão traduzida que li em A
espada diabólica, a história gastas ¾ de seu roteiro nos
enfrentamentos navais das forças dirigidas por Elric contra a Frota
do Caos, que passa a transmutar seres vivos e especialmente espiões,
exatamente a parte “cortada” na versão traduzida. O quarto final
é a viagem e a “luta” pela posse do escudo e seu uso imediato.
Moorcock claramente foge
do perfil clássico da sessão de RPG: para destruir o inimigo tome
posse desta arma que te fará invencível. Por isso muito da história
é sobre as mudanças que estão acontecendo na Terra e sobre os “até
a vista”, repetidos diversas vezes. Em alguns momentos Elric vê-se
cercado de amigos como Rackhir e Straasha, este último lorde dos
oceanos e figurinha fácil no elenco da série.
Novamente a sede de poder
de Stormbringer influencia Elric que toma a vida de pelo menos
dois companheiros de batalha e novamente a companhia do príncipe
albino faz com que alguém sofra uma dor maior. Isto leva a reflexão
de que o próprio príncipe albino é amaldiçoado e que sua maldição
alcança a todos que estão em seu entorno.
Um dos questionamentos
indiretos que Moorcock faz em seu texto é o mote central de Watchmen
de Alan Moore – amigo do autor e escritor da introdução da
edição que possuo: quem vigia os vigilantes? Quem está vigiando o
Caos e a Lei enquanto ambos estão vigiando e influenciado as ações
na Terra? Seriam os humanos apenas bonecos nas mãos de seres que não
se importam com seu destino, algo que na obra seminal de Moore é
representado pelo heróis e vilões?
Deveria existir uma força
suprema e imparcial que julgue a tudo e todos? Esta imparcialidade
benéfica para algum dos lados da guerra?