Uma das principais razões para o sucesso da pirataria é o atraso do lançamento do produto no Brasil.
Revistas em quadrinhos já tiveram 4 anos (!) de atraso e hoje tem uma média de 12 a 18 meses.
Séries de TV já tiveram atraso de uma temporada, mas o padrão atual é quatro ou cinco meses.
Por causa disso há o sucesso dos downloads de episódios de séries de TV.
A AXN (canal da Sony), responsável pela exibição de Lost no Brasil finalmente se adaptou para a sexta e última temporada da série. A temporada irá começar em 2 de fevereiro nos EUA e irá rolar na emissora nacional apenas uma semana após a exibição original.
Não resolve a questão da comercialização pirata do box e coisas assim, mas já é uma medida que terá impacto, principalmente se a emissora conseguir cumprir a meta. Porém, como metade da população vê a série na TV aberta, talvez o impacto seja um pouco diluído.
Veremos se muda algo.
Nos quadrinhos existem históricos de séries de tiveram pouco atraso em relação ao lançamento nos EUA (usaremos a expressão americana delay). Sandman, publicado pela Editora Globo tinha uma atraso de meses. Com alguns atrasos e cancelamentos e retornos depois do terceiro ano da série, só foi concluída cerca de três anos após o encerramento nos EUA.
Na Editora Abril a série Cavaleiro das Trevas 2 foi publicada quase que simultaneamente, mas o autor, Frank Miller, atrasou a obra no original o quê afetou a publicação por aqui. Cavaleiros das Trevas 2 #03 foi a última revista da DC Comics que a Abril publicou.
Curiosamente a EBAL desde a década de 1940, publicava as séries simultaneamente sem nenhum problema. Devido ao fator “data de capa” (a data da capa, na verdade, é a data em que a revista deveria ser recolhida das bancas nos EUA, então uma revista distribuída em janeiro de 1992, por exemplo, tem data de capa de maio de 1992), ironicamente muitas séries tinham publicação primeiro no Brasil, que não tinha data de capa.
Explico: uma revista distribuída em julho de 1.969, tinha data de capa de novembro de 1.969 nos EUA, e era publicada/traduzida no Brasil em setembro de 1.969, cerca de dois meses depois de ser distribuída nos EUA. Assim, por ilusão, poderia se entender que a série teve sua história publicada primeiro no Brasil.
O álbum “Noites sem fim” da Conrad, tradução de “Endless night”, trazendo personagens ligados à série Sandman foi traduzido na medida em que os originais ficavam prontos, sendo publicado imediatamente após sua distribuição nos EUA.
São várias as histórias que tiveram pouco delay e não é impossível tratar este problema; apesar de que sou ainda mais radical: acho que a editora original deveria assumir a publicação/tradução de suas obras em mercados externos expressivos como o Brasil e outros países, publicando simultaneamente em várias línguas.