A ciência
não é, por definição, ateia, mas a excelente narrativa deste
romance de sci-fi faz crer que sim, ao estabelecer uma linha
onde demonstra o domínio de uma fictícia igreja sobre o mundo após
uma catástrofe que destrói a sede das maiores religiões mundias.
Surge um
messias que consegue unificar o islã e as religiões
judaico-cristãs, e ele se estabelece fazendo previsões
acuradíssimas sobre fatos vindouros, ao mesmo tempo em que
estabelece uma não muito tênue ditadura mundial que impõe às
pessoas o "preço" da Quinta Revelação. Um
grupo de colaboradores, acredita que pode alterar este quadro e põe
em prática um intricado plano.
Orsi tem uma
excelente narrativa, digna dos melhores romances de espionagem ou
mistério com excelente descrição de cenários, personagens e ação,
capaz de fazer o leitor tridimensionalizar tudo que ele descreve.
O romance é
muito bom e pode ser lido praticamente de um fôlego só, mas nota-se
dois pequenos senões. O primeiro é a falta de um fio condutor. Os
acontecimentos ocorrem e tem sentido quando analisados ao final, mas
durante a condução da trama parecem apenas momentos de apresentação
de personagens e de ação desconexos entre si.
O segundo é
que se baseando na ideia de uma construção de uma nova igreja com
aceitação de membros de todas as religiões, por terem perdido suas
cidades sagradas e nelas, os seus líderes, seria interessante
inserir detalhes de igrejas que sobreviveram à catástrofe, como
certamente uma peculiar igreja norte-americana sediada em Utah. Fazer
de membros desta igreja simpatizantes com o plano poderia render uma
trama saborosa, que teria que descrever os detalhes das igrejas que
sobreviveram.
Nada, no
entanto, que diminua o prazer da leitura deste romance, e desde já
acompanhar a carreira do autor.
Guerra
Justa, Carlos Orsi, romance, Editora Draco, ISBN
978-85-62942-06-8, 2010.
