O tablet conjuga
as funções de computador e e-reader (leitor eletrônico). É
um trambolho leve e inútil se não tiver sinal de celular de
qualidade, preferencialmente tecnologia 3G, ou sinal de rede wireless
de dados. Preferencialmente ambas.
O iPad, o tablet
da Apple, é uma armadilha ao consumo em contraponto aos tablets
com o sistema operacional Android feito pelo Google com
tecnologia LINUX. Tudo que importa no iPad é pago. Já no
Android há uma porção bem maior de ofertas sem custo.
Evidentemente isso
apenas evidencia o posicionamento de produtos da Apple com seus
computadores e programas de ponta em tecnologia e preço e as
tecnologias derivadas do software livre/código aberto (SL/CA) que
tencionam deixar programas acessíveis a quem tem pouco recurso.
Seguindo este
raciocínio – do acessível a quem tem pouco recurso – noto
infelizmente que as editoras cobram preços de seus livros e revistas
em formatos Apple ou Android valores semelhantes às cópias
impressas. Desta maneira a tecnologia não serve para difundir o
pensamento. Ninguém está ofertando um dos 10+
vendidos por R$ 2,00 ou R$ 5,00 graças ao fato de não haver
custos de impressão e distribuição física (o transporte).
Diante da nova
tecnologia as editoras apenas irão lucrar mais.
E já começam a
pipocar erroneamente em diversos lugares as pesquisas que apontam que
as pessoas não se envolvem quando leem no formato digital. Concordo,
porém creio que é um problema dos nascidos na Era do Papel.
Sou preconceituoso.
Admito.
Penso nos tablets
e nos e-readers como mecanismos para ler jornais, revistas
noticiosas e pequenos artigos, trabalhos transportáveis, etecetera.
Mas a verdadeira leitura, aquela que merece análise, reflexão,
introspecção somente em papel, que grifo, que escrevo à borda.
Os escritos refletem
como as ideias que leio me atingiram.
É verdade que posso
fazer isso no e-reader, mas diante de saber que a editora ou a
distribuidora eletrônica tem acesso à afirmação que anotei em meu
reader, volto à 1984 de George Orwell e me vejo
diante do pensamento vigiado. Agrupamentos de leitores que pensam
semelhantes, reunidos em funções de grifos virtuais em livros
virtuais, só me fazem pensar que é preferível ter os responsáveis
pelo pensamento-crime juntos em comunidades virtuais onde seriam
ainda mais fáceis de serem localizados.
Completando: o próprio
1984 foi erroneamente apagado dos readers dos clientes da Amazon há
algum tempo.
Houve um pedido público
de desculpas e o retorno da obra aos leitores. Mas é bom advertir
que a obra não é sua, como supostamente o é o livro que está em
sua estante. A obra está apenas alugada e eventualmente a empresa
pode rever o contrato contigo em um comunicado unilateral que visa
apenas resguardar os direitos dela.
Imagine que a versão
cheia de anotações do Código do Direito Tributário fosse apagada
e ao ser restaurada não tivesse mais as anotações.
Será que a leitura nos
readers deve ser indicada apenas para o fútil?
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post scriptum:
Gostaria de lembrar apenas que quem define o quê é fútil para
mim sou eu. Por mais holística e cosmopolita que seja a sociedade
sou eu quem define isto.