Blues de Robert Crumb

Blues (Conrad, 2005) de Robert Crumb fala mais de quem é Crumb do que informa o quê é o Blues, seus origens, sua história.

Pareceu-me semelhante a uns documentários mais recentes que abordaram cultura e costumes, mas não se concentram na questão primordial.

Mas na obra de Crumb isto é plenamente explicável: a obra é a coleção de histórias curtas do autor sobre o assunto e não uma obra criada e pensada em explicar o assunto.

Ainda que traga histórias interessantes e uma arte adequada, Blues é uma coleção de clichês sobre negros (homens e mulheres), sobre a indústria musicial e sobre como se dão as relações entre estes envolvidos. Tristemente não se torna-se um exemplo de como os quadrinhos possam ter efeitos didáticos, mas sim como aos quadrinhos cabe apenas um resumo, uma série de histórias curtas que não são nada além de clichês, e não tem um produto criado e pensado para entreter e informar.

É triste constatar isto, mas é fato. Obras criadas em outras culturas, especialmente o mercado franco-belga e o mercado japonês, tentam romper com isso, mas dificilmente conseguem romper os padrões de produção – os verdadeiros clichês.

Blues pode ser bom e é uma leitura agradável ouvindo um Robert Johnson e bebendo algo mais forte, mas fica-se com o gosto do que realmente poderia ser, caso tivesse pretensões e talentos maiores envolvidos.

A reunião de histórias underground de Crumb, buscando um significado maior, não deixa de ser isso: uma coletânea de histórias underground.

E só!

E não deixa de ser a verdadeira tristeza.