Pareceu-me semelhante a
uns documentários mais recentes que abordaram cultura e costumes,
mas não se concentram na questão primordial.
Mas na
obra de Crumb isto é plenamente explicável: a obra é a coleção
de histórias curtas do autor sobre o assunto e não uma obra criada
e pensada em explicar o assunto.
Ainda que
traga histórias interessantes e uma arte adequada, Blues é uma
coleção de clichês sobre negros (homens e mulheres), sobre a
indústria musicial e sobre como se dão as relações entre estes
envolvidos. Tristemente não se torna-se um exemplo de como os
quadrinhos possam ter efeitos didáticos, mas sim como aos quadrinhos
cabe apenas um resumo, uma série de histórias curtas que não são
nada além de clichês, e não tem um produto criado e pensado para
entreter e informar.
É triste
constatar isto, mas é fato. Obras criadas em outras culturas,
especialmente o mercado franco-belga e o mercado japonês, tentam
romper com isso, mas dificilmente conseguem romper os padrões de
produção – os verdadeiros clichês.
Blues
pode ser bom e é uma leitura agradável ouvindo um Robert Johnson e
bebendo algo mais forte, mas fica-se com o gosto do que realmente
poderia ser, caso tivesse pretensões e talentos maiores envolvidos.
A reunião
de histórias underground de Crumb, buscando um significado
maior, não deixa de ser isso: uma coletânea de histórias
underground.
E só!
E não
deixa de ser a verdadeira tristeza.