Por onde passa o futuro dos quadrinhos no Brasil?

Pelas edições de 148 páginas e seis ou sete aventuras ou pelas edições como “Marvel + Aventura” com 22/25 páginas e R$ 1,99 de custo?

Certamente você escolheria o segundo e compraria somente as séries que gosta. Mas o preço das séries “+ Aventura” é um preço de lançamento, algo para chamar a atenção e causar impacto no público de quadrinhos, com uma tiragem mais alta para ter preço mais competitivo e estar disponível em todo o lugar. A fórmula não é nova e já foi usada à exaustão nos EUA no início dos anos 2.000 com revistas custando 10¢, 50¢ ou 60¢.

Funcionando ou não, atraindo os leitores ou não este esquema de promoção já não é usado na terra de Tio Sam há mais de cinco anos. E aqui quanto tempo irá durar? Será a última tentativa das editoras tradutoras em tentar atrair novos leitores?

Pelo editorial que diz “histórias que marcaram época, estraladas pelos maiores astros do poderoso panteão Marvel, reapresentadas numa revista acessível, perfeita para atrair novos leitores para o maravilhoso universo da casa das ideias”, nota-se explicitamente aquilo que tinha ficado implícito nos últimos anos e especialmente na “revolu$ão Panini”: a formação de novos leitores.

O mercado mudou muito e leitores não perseguem mais uma série que acreditam que o personagem é bom, mas o texto é ruim.

Eu persegui “A espada selvagem de Conan” (Editora Abril) durante oito anos esperando que a produção dos textos melhorasse. Hoje um leitor não espera oito páginas. Felizes são os escritores populares que conseguem terminar seus textos com ganchos que iriam atrair os leitores para a próxima fase como Mark Waid e Jeph Loeb (este especialmente seu período na série Superman/Batman). Se um escritor não der ao leitor sua dose de pin-ups, páginas duplas, explosões, peitos, nádegas e clichês dificilmente o leitor irá se importar em comprar a próxima edição.

Claro que a proposta é excelente e a preço acessível, mas como ficará o leitor quando descobrir que o padrão de excelência que vê em Uncanny X-Men #205 está muito além da produção atual em Uncanny X-Men número quinhentos e tantos. Já se passaram, neste caso, 25 anos e tudo mudou e em quase nenhum caso para melhor.

Sob este aspecto a importância dos scans deve ser ressaltada.