Cinco histórias. Cinco sub-universos editoriais diferentes.
Vikings de Brian Wood & Ryan Kelly reinterpreta um momento histórico da ocupação viking na Irlanda, com uma arte distinta do artista padrão da série. Lembra “Conan Rei” em vários momentos.
Hellblazer de Mike Carey & Doug Alexander Gregory faz pensar que John realmente acabou com a vida de sua sobrinha Gena, já que ela não consegue se libertar do desejo de trabalhar com a magia. Com uma narrativa óbvia, um mago conhecido de John recruta a sobrinha para enfrentar uma criatura que ele aprosionou vinte anos antes. De longe é a pior história da revista por não trazer nada de interessante ao leitor.
Casa dos Mistérios de Matthew Sturges, Luca Rossi e Bernie Wrightson (criador do Monstro do Pântano) continua explorando uma tentativa de fazer uma narrativa entrecortada. Há uma casa misteriosa no meio de lugar algum, pessoas são atraídas para lá, algumas saem, outras não. As que não podem sair querem sair. A história é entrecortada por uma história curta – lembrando a House of Mystery clássica – geralmente a melhor coisa da aventura. Talvez mais umas edições e tudo fique saboroso, até mesmo o quê até o momento é muito insonso.
Vampiro Americano de Scott Snyder, Stephen King e Rafael Albuquerque me lembra os complexos volumes de Vampiro: A máscara da White Wolf/Devir Livraria. No famoso RPG os vampiros são divididos em clãs, cada um com uma característica que se sobressai. Alguns são magos, outros sedutores, outros horripilantes (o clã Nosferatu). Aqui a coisa parece concentrada em mostrar a diferença entre vampiros europeus e americanos. De Vampiro: A máscara também se puxou o método de reprodução vampírica: somente se o iniciado, às portas da morte beber o sangue do vampiro.
Talvez muito influenciado pelos atuais vampiros do entretenimento, American Vampire possa ser uma leitura mais contagiante. Mas quem já leu Salem's Lot (aqui) do próprio Stephen King, as páginas introdutórias dos RPG's da White Wolf, The Tomb of Dracula de Marv Wolfman & Gene Colan ou até mesmo a primeira graphic novel da trilogia Batman: Red Rain, apenas para ficar na coisa mais óbvia e mais acessível, não vai ficar impressionado. Aconselho sinceramente uma coletânea de histórias de vampiros em formato pockets que sempre está disponível nas bancas.
Salva a edição com honras o início de mais um arco de Escalpo de Jason Aaron & RM Guéra, de longe a série mais estável do mix e realmente a única que traz uma proposta nova: uma reserva indígena comandada por um representante corrupto e a infiltração de um agente do FBI na figura de uma persona non grata da própria aldeia. Série policial de drama de grande impacto. O novo arco que se inicia (cinco partes) “Mães mortas” mostra a descoberta do corpo de Gina Cavalo Ruim – mãe do personagem principal Dash – e uma investigação do assassinato da mãe de cinco garotos que se prostituia na reserva. Excelente texto e desenho.
Se você não deseja pagar os R$ 9,90 pela Vertigo, aconselho a acompanhar os lançamentos e assim que a Panini publicar um encadernado de Escalpo adquirir. Vale a pena. Esta série e Vikings salvam a revista e tenho certeza que logo, logo Vampiro Americano e Casa dos Mistérios mostrarão a que vieram. Já Hellblazer... [suspiro]... fazer o quê?