No final de semana estava lendo algumas revistas e fazendo algumas pesquisas para post futuros, sem me prender a um acesso específico.
Quis o destino que eu batesse a mão numa cópia da história de Adventure Comics #373 com a Legião e os Gêmeos Tornado. Não li, só folheei as páginas.
Saltando mais uma dezena de edições vi a série do Bizarro, aquela cópia do Superman que vive num mundo quadrado e deveria ser muito engraçada para as gerações que liam nos anos sessenta.
Minha pergunta é: as editoras de quadrinhos lucram com isso adequadamente?
A quantidade de histórias publicadas nestes 75 anos de DC (e Marvel) é imensa e alguns leitores, como eu, tem interesse em histórias antigas. Mas é claro que comprar uma edição histórica é inviável e as editoras não tem em coletâneas tudo o quê eu quero ler. Mesmo que tivessem, definitivamente não posso pagar a todo o momento US $ 50,00 para ler um conjunto de 11 ou 12 histórias.
Dos DC Archives – lançados a partir de 1.988/89 – eu tenho apenas três, ainda que tenha mais umas quatro edições em capa dura importadas e mais cinco ou seis nacionais.
Não é falta de querer! E falta de poder!
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Para continuar o meu raciocínio vamos estabelecer critérios. O primeiro e mais importante é do valor.
Quanto você está disposto a pagar por uma história? Em que formato?
Exemplo: acredito que R$ 8,00 por 100 páginas de quadrinhos traduzidos está um bom valor, mas poderia ficar melhor. Algo entre R$ 3,7 – R$ 4,8 poderia atrair mais pessoas pela pouca importância que damos a duas cédulas de R$ 2,00. Como damos pouco valor à R$ 4,00 – algo como troco perdido no bolso – seria fácil nos desfazermos deles.
Impossível revistas a estes preços?
Não exatamente. Tiragens maiores com propagandas adequadas poderiam vender o material integralmente sem prejuízo para a editora. Não tendo que contabilizar o encalhe no preço da capa a editora poderia fazer um valor mais justo. Lembre-se que há anos se comenta que a venda é cerca de 30% e esta parte vendida tem que pagar todo o custo da tiragem.
As revistas com lombada quadrada e 184 páginas poderiam ter o custo de R$ 10,00.
Mas quanto eu estou disposto a pagar para ler o encadernado das histórias do Mundo Bizarro?
50¢.
Isto mesmo, cinquenta centavos de dólar.
Qual o critério?
Importância, beleza, necessidade, originalidade e inteligência.
Não me é importante que alguém diga que é a primeira aparição de alguém, o primeiro roteiro de alguém, etc. Eu tenho que ler e gostar, apenas isso.
Será que publicar em formato digital não tornaria mais acessível algo que está empacado, que atualmente não dá lucro algum para a editora?
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As primeiras tentativas de publicar um quadrinho em formato digital produziram algo que o custo é o mesmo da edição impressa, para que as vendas continuem no mesmo patamar, em termos de arrecadação. A Marvel fez um teste com o anual do Homem de Ferro que foi lançado na época do filme meses atrás.
Bobagem tentar manter este preço. O ideal seria evitar o confronto. E sim procurar um formato de vender suas histórias antigas, um acervo gigantesco, diga-se de passagem, a preço convidativos no formato digital.
Algo como “compre as edições digitais de Adventure Comics #1-100 por US $ 25,00”. Inicialmente poderia se limitar o material a revistas com mais de 20 anos.
Pode parecer uma idéia tola, mas tente ler por exemplo “Prez” (DC Comics, 5 números, 1.973/74). Onde encontrar? Quem tem? Onde comprar? Qual o valor?
Outro problema é encontrar facilmente. Hoje eu quero ler, por exemplo, as edições de American Flagg e a gibiteria não tem cópias ou o preço é alto, geralmente abusivo.
Mais ainda! Facilitaria bastante para criar índices de personagens e autores de modo a que o leitor possa encontrar todas as histórias da “The Huntress” ou do Wayne Boring com facilidade.
As digitalização e venda das edições antigas das séries poderia reduzir excessos, economizar papel – o ecologicamente correto – e tornar o material mais acessível, neste tempos de modernidade com computadores e internet.
Pense nisso!
O NAPSTER era apenas um programa de troca de arquivos entre usuários que virou referência no quesito de troca de música. Hoje o NAPSTER é pouco divulgado e ainda há os centros de distribuição não licenciados, mas há, igualmente, várias lojas estabelecidas que vendem a música num formato digital.
Os scans podem ser o início de um formato inovador para os quadrinhos.