O sucesso deste resgate de elementos fez com que a DC confiasse a Johns uma revisão ampla da origem do herói numa série chamada “Origem Secreta”, uma nomenclatura tradicional que a editora usa para contar as origens de seus personagens.
Com dois astros de ponta, Geof Johns e Gary Frank (artista com traço bastante elegante em contraposição ao estilo “riscado” de Francis Yu, desenhista de O legado das estrelas) a série é a nova origem “definitiva” do Superman... e por definitiva digo até que uma nova direção da editora decida valorizar algum aspecto desconhecido do personagem e então faça uma nova origem.
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Atualizar um personagem para uma nova audiência é algo muito comum nos quadrinhos. A desculpa clássica de vender mais não se aplica indiscutivelmente hoje, por que já se criou uma cultura de reedição em formatos de encadernados de sucesso.
Watchmen publicado originalmente em 1.986-87, certamente é o maior exemplo disto. Continua vendendo e muito!
Aqui não se compara o texto de Moore ao de Byrne ou que qualquer autor que deseja recontar a origem do homem de aço, apenas se deixa claro que o que motiva não é apenas vender, é também vender!
Superman chegou num momento de sua existência em que a produção de um filme, por problemas legais de copyright tem que ser feita, sob risco da Warner Bros. proprietária da DC Comics perder os direitos e ter que ir para o mercado comprá-los novamente.
O sucesso recente do reinício da série de Batman mostrou que sob algumas óticas os personagens são funcionais no cinema, mesmo que o filme Superman Returns (2006) tenha produzido material inferior, talvez tão somente por não ser um reinício da série, mas uma continuação da cine-série iniciada por Richard Donner.
Diante da possibilidade de um novo filme e – certamente – de uma nova série de animação – que inevitavelmente virá na rasteira – a DC se encarregou de produzir um guia de referência para os autores se basearem. Poderão seguir ou não, mas a editora terá algo para apontar para os leitores e dizer “a série que inspirou os autores do novo filme do Superman”.
Além disso a história é bem contada, bela de ser lida, bonita aos olhos.
Gary Frank (Incrível Hulk, Poder Supremo) produz um traço bem aceitável e se não inova nem tem uma diagramação exuberante tem o poder do traço bonito das massas volúveis doutrinadas na estética Image Comics. É impactante no conjunto lápis, tinta e cores e funciona bem na história. É, acima de tudo, uma narrativa compreensível e fácil para qualquer leitor.
Olhando o caminho transcorrido talvez tenha sido O legado das estrelas completamente desnecessária. Foi publicada no momento errado. Mark Waid tinha um projeto junto com Mark Millar, Tom Peyer e Grant Morrison para assumir as séries mensais do Superman.
Certamente em sua origem estavam extratos desta história que os quatro gostariam de contar, assim como em Grandes Astros: Superman está parte da história que Morrison gostaria de contar. A diferença é que o produto de Morrison, mesmo não muito adequado a neófitos nos quadrinhos do autor escocês é uma grande obra que influenciou a direção tomada pela DC Comics pois mostrou que parte do conteúdo dos anos 50, 60, 70 e 80 pode ter relevância hoje, mesmo com um autor que não produz uma obra linear como ele.
Já a série de Waid, comparado à de Morrison que se tornou referência, virou apenas nota de rodapé, enquanto a de Byrne caminhando para seu 25º ano continua uma releitura agradável e divertida.
Guia de leitura para a origem do Superman:
* Superman Crônicas volume 1 e 2 (Panini Comics)
* O homem de aço (Mythos Editora e Editora Abril)
* Superman: O legado das estrelas (Panini Comics)
* As quatro estações (Panini Comics e Editora Abril)
* Superman Premium (Editora Abril, parte do material)
* Superman (Panini Comics, após o evento “Um ano depois”, um desdobramento de “Crise Infinita” e “52”)
* Superman: Origem Secreta