Com a republicação da Morte do Superman pela Panini vamos revisitar rapidamente a saga.
A morte em si não era uma novidade nas séries do homem de aço.
Após um longo período exposto à kryptonita em seu anel, Lex Luthor havia contraído um câncer e morreu de forma pública, sofrendo um acidente aéreo. Como sua intenção era retornar, havia feito um clone de si e transferido seu cérebro para ele.
Meses depois chegou a Metropolis Lex Luthor II, que de imediato resolveu uma questão energética devido à uma experiência do Professor Emil Hamilton e realmente caiu nas graças do público quando auxiliou os heróis a enfrentarem a ameaça de Brainiac no arco “Pânico nos Céus”.
Neste meio tempo, Clark que já havia começado a namorar Lois Lane, decidiu revelar a sua identidade causando um choque. A princípio, Lois ficou irritada, mas logo o amor falou mais alto.
Mas o mercado...
Neste momento específico, a Marvel Comics ia de vento em popa. Todd McFarlane havia vendido 1 milhão de cópias de “Spider-Man”. Meses depois, Rob Liefeld conseguiu 3 milhões de cópias com seu “X-Force”. Para fechar com chave de ouro, Jim Lee conseguiu 7 milhões de cópias de “X-Men # 01”.
Tudo seria explicado no devido tempo. Pessoas adquiriam revistas como investimento financeiro, tencionando revendê-las depois. Isso fez com que houvesse mais gente interessada nas revistas, e conseqüentemente mais compradores. Argumentam também que algumas redes de distribuidores pediam mil cópias de uma edição, queimavam 990, e com as 10 restante pagavam o capital empatado e conseguiam lucro.
Ainda temos que lembrar que “X-Men # 01” teve várias capas alternativas e alguns compradores legítimos tinham interesse em adquirir todas as versões – que em algumas séries não era possível escolher a versão a ser recebida...
Meses depois, os artistas que entendiam ser responsáveis pelos lucros das editoras, decidiram formar uma empresa e assim (talvez) dominar o mercado. Agora, a Marvel e a DC tinham um concorrente de peso, a Image Comics!
Se isto não era suficiente, já tínhamos um Superman desgastado e sem rumo. Sim, o Superman um personagem tão novo, recriado em 1.987, já chegava em 1.992 sem fôlego para continuar sua batalha sem fim.
Dan Jurgens, um artista que havia começado em séries secundárias como The Tales of New Teen Titans e Gladiador Dourado, crescia na editora. Seu estilo de texto era muito semelhante ao de John Byrne, que havia agradado aos leitores. Com o sucesso relativo de “Pânico Nos Céus”, além de boa condução geral de algumas tramas nas séries mensais, ele obteve carta branca para desenvolver junto com sua equipe a idéia de matar o herói!
Então, a morte!
A saga da morte do Superman é um dos maiores sucessos da DC Comics, sendo reimpressa como encadernado mais de uma dezena de vezes. No Brasil, a Editora Abril decidiu aproveitar o marketing e publicou a história um ano e meio antes do momento cronológico correto, numa edição especial em formatinho.
A saga é tola, nem é sequer pretensiosa.
Um monstro surge de um cativeiro misterioso e começa a arrasar os EUA, caminhado em direção à Metropolis. No caminho, enfrenta a Liga da Justiça (que na época tinha o Jurgens como responsável), a Supermoça (Matriz surgida no Universo Compacto, que já havia voltado para a Terra em “Pânico nos Céus” e estava apaixonada por Lex Luthor II), o Guardião e Superman.
Uma criatura irracional, apelidado de Apocalypse (Doomsday, no original) por Gladiador Dourado, o monstro soca, destrói e mata tudo em seu caminho, até chegar em Metropolis e enfrentar o herói um duelo de vida e morte!
Tenho que admitir que a edição Superman v2 # 75 (o final da saga), com suas páginas de quadros únicos é impactante! Grandiosa! – mas este recurso que já tinha sido usado por Walt Simonson em The Mighty Thor, e por John Buscema em uma graphic novel do Surfista Prateado.
No final, o que estávamos vendo era um personagem rico de possibilidades, ter de espancar um monstro misterioso e indestrutível por 160 páginas para garantir as vendas de suas séries. O Superman estava enfrentando Apocalypse ou o mercado, que lhe exigia esta postura?
Então, em um determinado momento o vilão tomba! E o herói também!