Eu nunca tive medo do vilão Brainiac! Diga-se de passagem: eu o achava ridículo, quase gay! Um alienígena verde, usando um treco com cinco pontas na cabeça, cueca e pernas à vista e uma camisa de manga longa rosa. Mais gay que isso, só com placa “Eu sou gay!”.
Em 1983/84 houve uma história em que ele abandonou o corpo humanóide e adotou um completamente robótico, muito semelhante ao visual dos Terminators (porém antes de James Cameron lançar Exterminador do Futuro). Este visual permaneceu durante a Crise e realmente dá medo, se comparado ao primeiro; mas numa sociedade que já teve tanto contato com robôs e andróides não chegava a ser muito além de ameaçador!
Depois, na onda do oba-oba das reformulações, um mágico de circo chamado Milton Fine começa a ter alucinações que é Brainiac – a série de TV, Smallville aproveitou o nome terráqueo para o alien. Sem muita importância na fase inicial do Superman, o vilão, já com corpo verde e um barbicha loira (vá ser gay assim lá nas hqs!) é responsável por eventos em Superman (o arco Pânico nos Céus) e na série L.E.G.I.Ã.O. (um polícia intergaláctica, onde ele era pai de um dos fundadores). Indo e vindo várias vezes, Brainiac se evoluiu e levou junto Metropolis, transformando-a na cidade do futuro. Depois disso teve a longa trama de infiltração de Índigo nos Renegados, um arco da Superman antes de Crise Infinita (2004) e um arco em Superman/Batman onde ele estava controlando robôs.
Durante estes anos todos a melhor coisa que tinha visto com o personagem tinha sido o episódio piloto de Superman Adventures, onde o vilão é a união de todo o conhecimento científico do planeta e nega a verdade de Jor-El sobre a destruição de Krypton, preferindo fugir de lá. Geof Johns pega isto e transforma e algo mais útil: Brainiac nunca havia vindo realmente à Terra antes, apenas cópias menores, e realmente ele pega uma cidade de cada planeta, destruindo-o em seguida, daí o conceito de cidade engarrafada.
No Superman isto revitaliza o personagem por que a arte de Gary Frank (The Incridible Hulk, Gen13) é bela e coerente, o texto é eficiente, e resolve de quebra duas questões, uma sobre os sobreviventes de Krypton – há agora uma cidade inteira, cujos desdobramentos veremos em Nova Krypton – e outra sobre a atual Supergirl. A prima do herói que navegava entre memórias implantadas, onde se sugeria que ela havia sido enviada para a Terra para matar o primo, finalmente tem sua história reposta em ordem e volta a ser realmente “a prima do Superman”. Suas histórias, por sinal terão mais envolvimento cronológico com as séries do homem de aço a partir de agora.
Com uma trama simples, onde uma nave alienígena que a Supergirl conhece e teme, chega à Terra e o Superman tem que impedir que mais uma cidade seja seqüestrada e o planeta destruído, o arco “Brainiac” oferece ação, romance, aventura, e um final trágico na dose certa. É uma história que já nasce eterna sem ter que se estender por meses e séries a fio, retendo-se apenas em uma das séries do herói.
Mais um acerto para a equipe de aço!