Elric Saga, The citadel of forgotten myths, Michael Moorcock (Saga Press, 2022)

2022 mostrou que Michael Moorcock ainda estava ativo e retomando o seu personagem mais conhecido para um mais umo volume da “Elric Saga” chamado “The citadel of forgotten myths” lançado em dezembro. De um modo geral o livro guarda boas semelhanças com os trabalhos iniciais do autor, já que ele divide a obra em três aventuras que, se não são independentes, podem ser lidas/adaptadas em separado – mas são uma sequência narrativa, advirto. As aventuras, para fãs de continuidade, se passam entre as histórias "Kings in Darkness" e "The Caravan of Forgotten Dreams(The Flame Bringers)".

Na trama Elric de Melniboné viaja com Moonglum de Elwher [¹] pelos Reinos Jovens em busca de respostas sobre a sua ascendência (no primeiro conto, anteriormente apresentado como “Red Pearls”, ele vê parentes distantes e sobreviventes de Melniboné vivendo com a raça híbrida de dragões Phoorn, algo que diz sobre o seu passado e as origens de seu povo), respostas sobre seus vícios (no segundo conto, anteriormente apresentado como “Black Petals”) já Elric busca uma flor rara que permitiria resistir à dependência que tem das energias de Stormbringer e lembra muito uma trama em que o viciado substitui um vício pelo outro) e finalmente um longo conto que ocupa 2/3 do romance sobre a dupla chega em uma cidadela afastada, Elric perde o contato com Arioch, seu patrono, e surge uma ameaça àquela cidadela e ao próprio equilíbrio entre caos e ordem, temas caros à Moorcock e conhecendo o fim da saga, sei que é um prenúncio dos conflitos que se seguiriam.

Os dois contos curtos não são ruins, ocupando cada um 1/6 do livro, mas o conto longo se perde em descrições muito detalhadas e estranhas ao texto do autor que sempre foi muito objetivo. Algo me diz que houve interferência editorial no sentido de criar uma trama maior e bastante tentadora à uma adaptação cinematográfia/streaming. Em termos de fantástico nada fica a dever: semi-deuses gigantescos, gigantes, um exército de mamutes de guerra, lobos gigantes, abelhas e mel estranhos, abelhas gigantescas, uma raça híbrida de dragões, os próprios dragões, sacerdotisas e rainhas com agenda próprias. Tudo isto comum ao texto de fantasia e também ao texto de Moorcock, mas quando “tudo junto e misturado” não rendeu tudo que é possível.

Uma pena!

[¹] Eu percebi que “Elwher” o reino-república de Moonglum é uma apropriação do termo “Elsewhere”, algo como “de outro lugar”. Lembrei da longa explicação dos tradutores da Editora Globo para o título nacional de “The Elsewhere Prince” e como se tornou “O Príncipe de Aliors”. Eu usaria “Aliors” como o reino de Moonglum em alguma tradução.