A Lenda de Drizzt, v1: Pátria [Jambô, 2017]

A trilogia do elfo negro v1: Pátria

O arquétipo de nobre de alma pura, mas família/sociedade corrupta rende uma boa história em “Pátria”. O livro, na verdade, uma prequela que conta a história de origem de um personagem que havia ganho a simpatia dos leitores em outra série, é até didático, por falta de um termo melhor.

Menzoberranzan é a cidade onde vivem os drow (elfos negros) e é pertence ao cenário de RPG “Forgotten Realms” da franquia “Dungeons & Dragons”. Os drow vivem uma sociedade matriarcal dividida em clãs e os homens são reprodutores e guerreiros, mas sem cargos de importância que não sejam ligados à guerra. É comum que um clã trame a derrubada de outro, e se não houver sobreviventes o “golpe” foi bem aplicado é não haverá consequências – até porque o clã derrotado é “apagado” da história.

Drizzt Do’Urden nasce na noite em que Matriarca Malícia, chefe de seu clã e sua mãe, destrói a Casa DeVir; mas como é típico nestas histórias, resta um sobrevivente, Altun DeVir, que vai para a escola de magia local e tentará viabilizar a sua vingança. Lá ele assume a identidade de um mestre sem rosto, com o auxílio de outro aprendiz local, Masoj.

A partir daí o livro torna-se ainda mais didático. Drizzt nasce e é educado em vários aspectos, primeiro pela irmã Vierna, depois pelo mestre das armas Zaknafein – secretamente seu pai, já que nesta sociedade o elo entre pai e filhos não é alimentado – e finalmente vai para a Academia Melee-Magthere, onde chama a atenção pelo seu talento natural com as armas e mesmo, o comportamento. Antes mesmo de enviá-lo para a Academia Malícia havia percebido que Drizzt é diferente mas, graças à sua excelência nas armas, ignora o fato permitindo o vínculo de amizade entre o menino e seu “patrono”, que o havia treinado. Zak crê que a Academia acabará com a inocência do jovem, criando mais um monstro desalmado.

Na Academia, Drizzt não percebe alguns planos para eliminá-lo, inclusive chega a ser distraído pela pantera mística Guenhwyvar, originalmente do mago Masoj. A pantera vive em outro plano e é invocada a partir de uma estátua de ônix. O garoto se afeiçoa ao animal, que posteriormente passa a fazer dupla com ele.

Ao retornar para sua casa, já adulto, Drizzt se depara com uma sociedade fria orientada pela deusa-aranha Lolth, onde não se identifica.

Planeja, assim uma fuga… mas alguns detalhes fogem ao seu controle.

[Opinião]

R. A. Salvatore consegue escrever personagens com que você se importa, o quê é o primeiro bom sinal das adaptações. Seu Drizzt é uma anomalia em uma sociedade corrupta e que jacta-se de ser assim. Nós somos apresentados a cada personagens, seu perfil, sua importância na formação do jovem e compreendemos que a história é maior. Isto não reduz “Pátria”, apenas mostra que o livro é uma introdução adequada a diversos temas, alguns que são vistos bem en passant.

Creio ser um livro divertido e rico, mas certamente é mais indicado para quem já viu poucas sociedades novas ou poucos livros de fantasia: há uma certa repetição e temas mais espinhosos como a sociedade matriarcal, uma deusa aranha e rituais de procriação são apenas sugeridos.


A lenda de Drizzt, vol. 1 – Pátria, R. A. Salvatore, 2017, Jambô Editora. 384 p. Tradução de Carine Ribeiro. ISBN: 978-8583-65071-3. Originalmente publicado em dezembro de 1990.


A trilogia do Elfo negro

1

Pátria

2

Exílio

3

Refúgio