
Binti
(ISBN 978-0-7653-8446-1,
Tor Books, 2015) a novella faz parte de uma
corrente da ficção científica chamada “africanfuturism” ou
ainda “afrofuturism” que se trata de utilizar a cultura,
tradição, cosmologias e estéticas africanas na construção de
narrativas próprias, desvinculadas dos modelos ocidentais. Nnedi
Okarafor, a autora, não é a única a fazer uso disto – e nem
a primeira em que tive contato, mas seu diferencial é a
sensibilidade com que trata o tema.
Na
trama, Binti, membro da minoria étnica dos himba, está em um
conflito. Ela foi convidada para estudar na universidade Oomza Uni
em um planeta distante e aparentemente uma referência em ensino. Com
grandes habilidades matemática a jovem é uma “harmonizadora” e
seria a substituta do pai na loja em que negocia astrolábios. Além
disso seu destino está traçado e seu povo nunca deixou seu lugar de
origem.
Binti
decide fugir e rumar para Oomza Uni, mas no caminho cruzará com os
“Medusa” que estiveram em guerra com os khoush – a
maioria étnica de seu local de origem. Descobrirá também um uso
especial para o otjize – uma pasta que mistura argila, nata
de leite, flores e pigmentos e é utilizado com fins estéticos e
identitários pelo povo himba, cuja versão da série é
baseada em uma etnia que habita a Namíbia – e para um
artefato ancestral que encontrou anos antes – o edan.
Além
da ação própria do plot há uma genuína sensibilidade em
tratar os personagens, suas particularidades, suas visões de mundo e
toda sua herança cultural. A autora foge das coisas fáceis e
armadilhas de roteiro, não deixando de fazer todas as críticas
possíveis, mas apenas de outra forma com uma nova estética e para
uma nova audiência.
Interessantíssimo!
Nota:
9/10.