De volta à Midkemia em Mago: Mestre


Quase todas as vezes que tive experiências com versões do diretor ou do autor deparei-me com muita explicação e pouca ação. Mago: Mestre não segue exatamente este princípio. O livro original (Mago) recebeu enxertos e tornou-se dois, Mago: Aprendiz e Mago: Mestre, mas realmente o produto final faz com que tenham uma estrutura que não permita lembrar que eram apenas um livro menor em tamanho, pois aparenta ser um produto construído com o formato atual.

Um dos pontos interessantes quando se observa o enxerto é que os pulos de tempo são frequentes, algo nem sempre comum nestes apêndices, já que eles procuraram detalhar períodos não cobertos na obra original. O livro começa por volta do quarto ano da guerra e vai até o nono ano, cobrindo assim um grande período de tempo e há períodos longos em que não há nenhum detalhamento.

Neste volume temos a narrativa da vida de Pug, o pretenso mago do volume inicial, como escravo e como a sorte faz com que ele seja descoberto por um dos Grandes de Kelewan e torne-se finalmente o Mago prometido na série, não sem antes apresentar Laurie, um trovador de Midkemia, também escravo agora o companheiro de Pug, e Kasumi, lorde que terá função primordial na série.

Já Tomas influenciado por um espírito do passado consegue o amor da Rainha dos Elfos, mas custa-lhe uma transformação que quase o torna uma criatura cruel. Fico com a impressão de que a trama não rendeu tudo, e que poderia ser por si só, um enxerto. Apesar de importante para a trama, torna-se um coadjuvante bem secundário, mesmo estando presente e sendo responsável por eventos importantes.

Bem cresce é Arutha, um príncipe de Crydee, Amos, um navegador e Martin, mestre de caça de Crydee, vivendo empolgantes aventuras que os levam novamente à Krondor e então ao resgate da Princesa Anita. Nesta trama um nobre do leste tenta preparar a situação para sentar-se no trono, aproveitando que os exércitos do oeste estão envolvidos na longa guerra e que o rei atual é louco.

Com a escravidão e o treinamento de Pug em Kelewan, finalmente temos uma visão detalhada desta sociedade e que como surgiram os portais. Aparentemente todos sugiram de um mundo original, expulsos pelo Inimigo e os habitantes destes mundos se dividiram entre mundos habitados e não habitados, com muito e com poucos recursos – caso de Kelewan que não dispõe de metal. Produzido antes, o treinamento de Pug encontrar ecos no treinamento de Arya Stark ou nas provações de Daenerys, iludida com seus magos. O próprio conceito de portal e de inimigo que expulsa desafetos lembra em muito o Adversário de Fábulas, a série em quadrinhos da DC Comics. Fica, inclusive implícito que o Inimigo poderá um dia atacar Midkemia.

Bem escrito e de fácil leitura, apesar de seus protagonistas iniciarem a história como crianças ou adolescentes, Raymond Feist consegue romper a ideia de literatura para este público. Seu texto consegue ser agradável a qualquer um que se interesse pelo tema de espada & magia.

Mago: Mestre (ISBN 978-85-67296-03-6) de Raymond E. Feist, Tradução de Cristina Correia, Rio de Janeiro: Saída de Emergência, 2014. Coleção Bang! #04. 432 páginas.

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